quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Mestre.


O Mestre

Negro! Chapéu de palha artificial sobre os cabelos grisalhos. Uma vista o trabalho insalubre deixou toda escura; a outra só tem 20% de sua capacidade, todavia, a seu alcance é enorme. Roupas simples notoriamente gastas com o tempo. O chinelo de couro constantemente desliza sobre o piso, o senhor aparenta estar ansioso. Ansioso para colocar para fora as marcas que a vida lhe deu. Marcas essas que estão na mão direita que segurou a enxada por muitos anos. Que amarrou a cana, que consertou motores, que fez barulho batendo palmas nas rodas de coco. Nessa mesma mão direita, a mão do cumprimento, ainda há os resquícios do cimento que um dia ajudou a misturar. Nessa mão direita as linhas estão se apagando. A barba grisalha e por fazer mostra de onde veio. Veio de longe. De um lugar onde a voz é usada para contar prosas e cantar. Em uma tarde clara de sol, numa tarde de primavera um senhor veio dar aos acadêmicos uma prosinha. Uma pitada de luz e alegria iluminou à tarde de certo jovem. Esse jovem lembrou-se de seu avô. Um avô que só lembra-se vagamente. Que a mente não mente ao lhe dar a gostosa lembrança de alguns minutos no colo de seu avô ouvindo prosas, ouvindo coisas da vida sob o olhar de seus pais. Naquele homem com barba por fazer, se fez o retorno ao passado. Os jovens do presente que o trouxeram o chamam de “O Mestre”. Os olhos de um jovem se inundam d’água com as frases do Mestre.
- Hoje em dia o amor é caixão pra casal! – diz O Mestre.
Certos encontros na vida estão marcados em linhas bem fortes, assim como as linhas da mão direita do Mestre. O Mestre se diz analfabeto, afinal “só estamos prontos quando nos passamos”, aí sim estamos alfabetizados. A mesma mão direita com que escrevo, O Mestre escreveu na terra. A mesma mão direita que junta essas letras para formar palavras, O Mestre usou para juntar a semente na terra; a cana com a corda; a água com o pó; a graxa com o motor... Misturou a vida de trabalhos pesados com a alegria de viver. Trouxe para nós o conhecimento de que somos todos loucos e para não entrarmos em crise temos que ocupar a cabeça com toda essa simplicidade de ser, que perpassa pelo vocabulário, pela vestimenta e pelas atitudes. A sabedoria da vida está na maestria com que percorremos os caminhos que nos são dados. Nesses caminhos haverá pedras, mas com uma pitadinha de prosa nós as contornamos. As pedras nos deixaram marcas e apagaram outras, no entanto, a maestria está em ao final de tudo sorrir, assim como faz O Mestre.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Posologia da menina Chagas.

In: https://janeladecima.wordpress.com/tag/por-do-sol/
Eis uma bela menina!

Eis uma bela menina por fora, mas por dentro...


- Sempre em frente! Sempre em frente! - é o que ela me sussurra nos ouvidos quando a vejo. 

O melhor é que ela faz sem saber.

Sempre em frente, a caminho da alegria e da felicidade plena! 

Ao vê-la já começo a sorrir, pois sinto que a felicidade está com ela todos dos dias. 

A todo o momento. 

Festa! 

A vida pra ela é uma festa! A vida com ela á uma festa.

Música alegre, música que faz suar o corpo, que faz extravasar.

Música que soa nela quando sorrir! 

Que abre ao expectador uma janelinha miudinha que dela sai muita luz.

 A luz que conforma, ilumina e que traz você para perto dela.

Eis a maneira mais sublime de encarar a vida; sorrindo ao amanhecer!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Frenesi.


Certa vez resolvi andar pela insensatez que você me fez.

Deixei de ser freguês.

Toda a embriaguez se fez quando provei da sua fluidez.

Hoje era a sua vez e você não fez.

Enrijeceu a fluidez e toda beleza se desfez.

O que me resta fazer com a embriaguez que era para você?

Andar pela corda bamba com a lua, mais uma vez!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Grande Encontro 2.


Aquele Grande Encontro deu origem a uma grande, sincera e dançante amizade. 

As suas presenças nas festas eram garantidas. Nem sempre chegavam juntos, pois, o antes engomadinho e agora engomadinho estiloso, trabalha mais de oito horas por dia e é justamente por isso que o elétrico é tão necessário em sua vida. Ele traz o agito das boas noites regadas de Vokda, Amarula e muita dança.

Em uma dessas noites que riam e pulavam enlouquecidamente enxergaram aquele que transformaria a dupla em um trio. Eles sentiam que já estava na hora de dar uma mexida naquela amizade. E aquele que eles observavam era o ser ideal.

Eles viram um jovem agarrado em um copo contendo frutas vermelhas misturadas à espumante. Ele dançava de maneira tímida, mas sempre muito sensual.

Esse novo componente era fino, delicado e sofisticado. O seu vocabulário era sempre impregnado de palavras conhecidas, porém eram pouco utilizadas no cotidiano.

Chegaram nele. Um de cada lado.

De um lado Amarula, do outro Voka e no meio, frutas vermelhas com espumante. Esse trio era uma combinação energética, alucinante e muito dançante.

Naquela noite a amizade se fez da mesma maneira que o barman realizava os seus pedidos: de maneira ágil.

No trio se via uma pitada no novo integrante: o glamour sensualizante de Edi!

O Grande Encontro.


Em uma linda noite estrela duas vidas vão se encontrar, mas elas não sabem.

Uma, é puro agito, corres e gritos com muita badalação. A outra um pouco mais de parcimônia mesclada em tons sóbrios, voz suave com tom baixo, todavia, essa capa cai deixa de existir quando a festa começa.

O primeiro dança enlouquecidamente tendo em seu entorno os seus amigos, enquanto o outro está em um canto a olhar e balançar a cabeça. Alguns minutos passam e o primeiro precisa ir ao banheiro, pois a sua festa já havia começado horas antes. No caminho até o banheiro enxerga um engomadinho em um canto balançando a cabeça. Continua caminhando até o banheiro, faz o que tem que fazer e na volta passa pelo engomadinho e diz:

- Menino sai do canto, sai da sombra e vem dançar com a gente!!

Ele o puxa, mas a cabeça com todos os fios em ordem balança negativamente. Por aquele ser muito agitado, não soube esperar, tampouco conquistar esse com um convite mais a sua cara. Mais dançante.

O sóbrio ficou no canto tendo a Amarula como sua companheira. Lá pelas tantas quando o estado combinado, sóbrio e educado deu espaço para tudo aquilo que estava em ebulição o bicho pegou.

Já de cara soltou os botões da camisa a fim de mostrar seu físico. O olhar mudou. A Amarula era ele. Pegou os inseparáveis dados e jogou para cima. O resultado foi o que ele tanto desejava. O número 12 estava lá sorrindo para ele e dizendo: Vai com tudo garoto, libera toda essa energia! É o 12!

E foi assim que ele fez.

Dançou loucamente. Pulou como se o mundo fosse acabar. Pulou como se estivesse sobre o coração de Deus, da mais forte pulsação. E entre esses pulos, gritos, giradas de corpo encontrou com o menino agitado de antes. Eles se olharam, sorriram e disseram, Rapha com os olhos de Amarula e  Paulo com os Vokda: Vamos celebrar a vida!   

A festa era mais ou menos assim:

http://www.youtube.com/watch?v=e-fA-gBCkj0

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ferrugem!


Papel, caneta e lápis coloridos.
Tudo isso preso dentro de uma mochila.
Essa mochila colada em minhas costas.
Essas costas conectadas a meu corpo.
Esse corpo acoplado a uma cabeça.
Nessa cabeça um mundo de ideias reprimidas.

Falta espaço.

As mãos sobre o volante suam.
O dedinho da mão direita já se encontra adormecido.
É o sinal.
O sinal de que alguma coisa vai brotar de alguma mente.
Essa mente começa e dizer baixinho: Rabisca Robson, rabisca.
Procura uma vaga para estacionar; não acha.
Para ali mesmo, abre o capô e liga o alerta.
Pega no banco de trás o seu equipamento.
Abre o porta-malas e senta-se esperando a ajuda do reboque.
Fecha os olhos e enxerga Dali que o cumprimenta com a cabeça.
É o sinal.
Abre os olhos e olha para o céu.
Enxerga uma saída!


  "Mertamorphosis" - Vladimir Kush



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Brisa.


Eu quero é sentir novamente a brisa.
Eu quero é novamente ser brisa.
Daquela que vai de um lado para o outro sem rumo determinado.
Deixando a vida levar, só isso.
Sem lenço e sem documento é demais para mim, mas sem celular...
Sem chave de casa, chave de carro...
Sem chave da vida.
Sem chave pra vida.
Sem a chave da vida.
Com a brisa eu não preciso abrir nada.
Tudo está onde deveria estar. 
E se eu for brisa, enfim estarei onde deveria estar...
Andando por aí e levando comigo tudo aquilo do lado esquerdo do peito.




Ouvindo "Alegria, alegria" na Voz de Caetano.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Harmônia!

Fotografia retirada do site http://www.fotocolagem.com.br/ em 18/10/2012)
Pincel, spray, walkman, fone de ouvido, mochila nas costas, bike, uma cabeça cheia de ideias, um coração, sorriso nos lábios, um beijo na mãe e pé no mundo!
Foi assim que o jovem menino mais uma vez saiu de casa. A única diferença, o que deixou sua mãe curiosa, era o fato de ser feriado. Ele saiu tão rápido que a  curiosidade que se fez presente na mente da mãe, não conseguiu chegar até a boca para ela lhe perguntar:
- Menino aonde você vai com tanto cacareco? - ela então correu para ligar. Tudo em vão. O celular foi deixado em casa. Ao lado dele um bilhete dizia: Mãe, eu vou colorir o mundo!!
O menino passa pela portaria, com o sorriso que é a sua marca, monta na bike e cessa para pegar o walkman. Coloca no repertório somente uma mulher: Mo'Kalamity, em especial "Father reggae". É seu mais novo mantra. 
Para na esquina e abre a mochila para conferir o equipamento. Está tudo lá. Pega o mapa contendo o seu roteiro e parti para sua missão: Colorir, dar vida, trazer luz!
Anda por algumas horas até chegar ao exato local. Uma grande avenida que durante a semana não vive. Ela está sempre parada devido ao número excessivo de tudo; muitas pessoas, bicicletas, muitos carros, ônibus... Tem até carroça com bicho. 
O curioso é que à esquerda só há concreto, mas a direita....
Há o lindo mar com um único pedaço de muro.
Passa de loja em loja, de prédio em prédio, de casa em casa explicando a sua ideia e solicitando autorização. Todos gostaram muito do menino e principalmente do sorriso estampado em seu rosto após cada "não" recebido. O problema é que esperamos um dizer "sim", para dizermos também, como ninguém havia dito sua missão ia falhar. Pelo menos era o que tudo indicava. Todavia, em seu coração havia a fagulha.
Nesse momento, na frente de todos aqueles que lhe diziam "não" chegou O Coronel.
- Meu recruta me disse da sua ideia. Gostei muito menino. Tem a minha autorização. Os muros da minha residência estão à disposição. Precisa de algo mais meu jovem?
- Não senhor!
- Positivo! Chego à noite. Esse é meu telefone, qualquer coisa que precisar é só me ligar. Deixei dois dos meus recrutas a sua disposição. Irão te escoltar. Até a noite.
Agora sim. Um brilho se fez e não era uma luz no fim do túnel. Era o menino que agora sorria de corpo e alma.
Correu para os muros do Coronel. Pensava que, como somente ele o havia autorizado, teria que reelaborar seu plano. Ficou alguns minutos sentado pensando. Nesse intervalo de tempo o português da padaria chegou com uns pasteizinhos de Belém, água, refri e com a autorização. Ele lhe disse:
- Ora pois, meu jovem. Se o coronel autorizou, eu te aprovo também. - e em questões de segundos toda a rua o autorizou. Todos ficaram a espreitar o andar da carruagem.
Ele coçava a cabeça e pensava: Como vou fazer tudo isso com tão pouca tinha? No mesmo momento que dirigiu a sua dúvida a Deus, Ele me respondeu.
Um caminhão do exército parou em frente à casa do coronel com mais oito recrutas abarrotados de tintas. Era tanta latinha de spray que ele se sentiu no shopping center das cores.
- Vamos trabalhar né? – disse aos recrutas. Os deixou sob a responsabilidade de eles escreverem nos muros da rua e ele partiu para o pedacinho de muro junto ao mar.
Ao final do dia, todos da rua lhe davam abraços, beijos e muitos sorrisos como pagamento. Ele estava radiante, mas temeroso, afinal o seu padrinho, O Coronel, não tinha visto como ficou a rua.
Muito tempo depois ele chega. Anda por toda a rua. Olha para o mar vê o muro e diz: Menino, bom trabalho!
Nesse momento o jovem se despediu e se encaminhou para casa. Já era muito tarde. Ligou o walkman e foi suavemente flutuando pelas ruas.
Ao chegar a casa, um susto.
- Menino, isso são horas? Por onde você esteve? Vocês se tornou pixador foi?
Ele olhou para mãe e disse: Mãe, amanhã na volta para casa você vai entender.
Ela o conhecia tão bem que sabia que não ia adiantar lhe perguntar nada.
No dia seguinte voltando para casa, nas avenidas que não andam o celular da mãe toca.
- Mãe? Olha para a sua esquerda e acompanha as instruções. – e do mesmo jeito que ligou, desligou o telefone sem que a mãe lhe proferisse uma só palavra.
Então foi o que ela fez.
Nos muros havia as seguintes frases:

Abaixe o vidro do carro. Desligue o ar-condicionado. Sinta a brisa gostosa do mar. Coloque uma música baixinha para relaxar. Veja como o mar é bonito. Cumprimente a pessoa que está ao seu lado. Deseje-lhe coisas boas. Tenha bons pensamentos. Sinta como você está mais calmo e relaxado. Não precisa correr. Viva mais devagar. Dê passagem aos outros veículos. Respeite o pedestre e o ciclista. Pare o carro e tome uma água de coco. Enxergue a beleza dessa natureza que lhe cerca.
A última frase dizia: Olha para o outro lado, onde está o muro que não te deixava ver o mar?

O curioso é o que distraia os transeuntes, as frases, não causou nenhum acidente. Pelo contrário. Neste trecho e nos que o sucediam os acidentes diminuíram e a vida seguiu um fluxo mais harmônico. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Diga que estou por aí...


Ele chegou a casa, cansado e com sono, mas muito feliz. Como ouvira recentemente "foi dormir rascunho e acordou poesia!" e era assim que se sentia.
Ao chegar a casa, viu seus irmãos dormindo e sua mãe acordada. Ela não conseguia dormir, os vizinhos estavam fazendo uma festa de arromba no salão. Era a velha guarda celebrando a vida!
Conversou com a mãe, tomou banho e foi se deitar. Percebeu que seu irmão estava acordado, pois o barulho realmente era muito alto. Os coroas cantavam as músicas gostosas de sua juventude.
Ele desistiu de dormir e foi para a varanda. Ficou cantarolando as músicas juntamente com os "da antiga" até que...
- Não! Essa música não!
Pegou a chave de casa e desceu para o salão. Ficou de longe ouvindo as músicas. Cantarolando junto com eles até que...
- Eita! Essa aí é covardia!
Eram os sambinhas que tanto gostava. Não pensou duas vezes em se aproximar. A mulher que dedilhava bonito foi a primeira a vê-lo. O susto dela foi tão grande que ela parou de tocar. Todos se viraram para olhar também. O que viram foi um menino com a cara amassada de sono, com uma samba canção e cabelo bagunçado os olhando.
- O que foi meu jovem?
- Eu estou tentando dormir e como não consegui...
- Ah meu filho, mil desculpas nos empolgamos.
- Tudo bem!
- A gente já vai parar.
- Se fosse pela minha família, já era para vocês terem parado há tempo, mas por mim, vamos nessa. – disse isso puxando uma cadeira, entrando na roda e já pegando o tamborim que estava vago. Olhou para eles e disse: Vamos nessa?
Todos começaram a rir e deram sequencia no repertório dos sambinhas gostosos da década de 50 e 60 do século passado. É meu caro, faz é tempo. É a galera da antiga. Só os dinossauros.
O tempo foi passando e já eram duas horas da manhã.
- Pessoal, o sono chegou. Vou indo nessa.
- Fica rapaz, a noite é uma criança.
- Meu caro, não se faz mais jovens como antigamente. Assim como vocês, a gente tem que trabalhar. Só que esse trânsito é um inferno. Perdemos muito tempo. Eu vou lá mesmo. Preciso dormir. Tendo outra festinha é só passar o fio.
Todos riram e pensaram: Esse moleque é legal!
- Vai lá filho. Boa noite.
Chegou a casa, pé ante pé, para sua mãe não saber que ele saiu; e saiu justamente para contribuir com a festa que não a deixava dormir.
Quando estava já quase dormindo...
- Não. Aí é golpe baixo!
O xote comia no centro e comia valendo. E como essa estória e minha.... Fechou o olho e pensou nela e quando abriu ela estava na sua cama, linda como sempre. Ele a olhou e disse: Bora? Ela, com o seu lindo sorriso, lhe respondeu: Vamos dançar muito hoje!
Já chegou ao salão cantando e agarradinho no seu bem querer. A velha guarda o olhou e disse: Sabia que essa você não ia resistir.
Já era quase três da manhã. A dança, música, o sorriso no rosto se faziam presente. Ele, olhava para o céu e disse a sua célebre frase: Ah moleque!! Alegria, alegria!!
Seu irmão, muito irritado porque não conseguia dormir reconheceu na hora aquelas palavras. Levantou e foi até o quarto do seu irmão e ao ver o quarto vazio pensou: Filho da....
Como Zé é gente fina, sensitivo e o dono dessa história, ele sabia que seu irmão ia acordar e lhe reservou um presente. Quando ele entrou na cozinha para tomar um copo com água entrou a sua patroa com cara de tédio.
- Você?
- Pensei que você não ia acordar. Vamos logo dançar, ainda está em tempo.
Ele ainda atordoado sem entender colocou a cabeça no corredor e viu sua irmã, com seu namorado e filha arrumados.
- Ué? Aonde vocês vão?
- Como assim pra onde? Pra festa! Vê se não demora! Mamãe já está se arrumando também.
- Opa! Só se for agora. Festa é comigo mesmo!
Às 3:30 da manhã toda a família estava reunida no salão com seus novos amigos celebrando a vida!
Ele olhava para o céu e dizia: Valeu meu camarada!
Voltou correndo para o seu amor para bailar!
- Alegria, alegria!


sábado, 20 de outubro de 2012

Se!

Se é amor, vai
Se é amor, se joga
Se é amor, vai até ele
Se é amor, não compare
Se é amor, repare
Se é amor, não o deixe ir
Se é amor, aprenda outo idioma para ele te compreender
Se é amor, não o deixe para trás
Se é amor, não o deixe ir
Se é amor, queira
Se é amor, leve-o para passear
Se é amor, invente
Se é amor, e inventar não basta, reinvente
Se é amor, não seja o cara
Se é amor, seja amor
Se é amor, não o deixe ir
Não o deixe ir
Não repita o mesmo erro se é amor
Se é amor, não deixe se transformar em caos
Se é amor, deixe a tristeza de lado
Se é amor, não o transforme em ausência
Se é amor, não o transforme somente em saudade 
Se é amor, chega mais cedo amor
Se é amor, vem!
Pois, amar vale a pena florzinha!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Criança!

Ah como é belo ser criança.

Que faz lambança.
Que dita a própria dança.
Que não pensa em balança
quando o assunto é ser criança!

Pobre adulto.
Que não enxerga a criança em seu culto.
Que quer tirar o seu impulso.
Que quer tirar-lhe o salvo-conduto.

Meu caro adulto,
vamos deixar a criança ser criança.
Deixá-la fazer lambança
e nessa bagunça enxergar a beleza da vida!
As muitas cores que existem quando somos simplesmente crianças!!

sábado, 13 de outubro de 2012

Domingo.

Era apenas um domingo como outro qualquer.

Mas esse não era qualquer.
Era sábado. Um sábado sem ela.
Ela quem abre a janela.
Que traz para a sua janela toda a aquarela.
Que traz consigo uma passarela que vela para além mar.
Para além das nuvens.
Leva para tão longe que ele não se perde.
O leva para dentro de si.
O faz pensar nas coisas da vida.
O faz sentir as coisas da vida.
Lhe traz a tona a vida que está dentro dele.
Traz a tona as histórias de sua vida.
As que ela não conhece, pois as estórias do cotidiano ela já ouviu algumas.
E justamente por ter ouvido algumas que ela o quer tão perto.
Ele a dá a imaginação que tanto precisa em sua aquarela.
Ela tem as cores.
Ele tem a imaginação.
Ela vive no mundo da lua.
Ele se refugia lá. 
E hoje, que não é um dia qualquer
ele a espera com um buquê na janela! 
Espera o dia se tornar noite para enxergar a ponte que o levará para a lua.O seu refugio!
Enquanto esse momento não chega,
ele vai caminhar por aí sob as gotas de chuva que o permitem sonhar!
Ele vai contar para si mesmo que caminhava sob a chuva junto dela!


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Amor!

Como definir o indefinível?
Como definir a sensação que toma todo o corpo?
Como explicar o coração pulsar mais forte quando a vê?
Como explicar o coração pulsar mais forte por não vê-la?

Sentir medo e felicidade tudo ao mesmo tempo, ao ver o outro crescer.
Ficar feliz vendo a flor desabrochar para o mundo.
Vendo a flor desabrochar para você.
Vendo a flor desabrochar por você.

Tempo. O tempo quando a gente ama de corpo e alma não importa.
Ele é variável.
Joga a favor na hora certa.
Pena que para nós, os amantes, ele é sempre muito longo.
Ele sempre sopra na direção certa.
O complicado é que às vezes não percebemos.

Pedras haverão no caminho.
Mas elas servem para quando chegarmos lá em cima termos a noção de quanto é grande o mundo.
Da beleza da vida. É o encontro do céu com o mar.
Do dia com a noite.
De você e eu!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Um abraço no alto do morro!


Ao longo da breve vida aprendeu a rir para não chorar.
Agora é tudo novidade. Estava tão triste que sentia a amargura tomar conta de suas papilas gustativas. O gosto da vida era muito amargo.
Olhava desesperado para todos pedindo ajuda. Qualquer um servia. Mas, aprendeu tão bem a fingir, que a maioria não percebia a sua dor. Poucos notaram, todavia, logo pensavam:
- Ele triste? Amargo? É impressão!
Aqueles raríssimos que o conheciam no íntimo sabiam que ele estava triste, porém, como consolá-lo? Afinal, sempre saem dessa boca, hoje amarga, as doces palavras de conforto. Os puxões de orelha visando à melhora, a transformação. Como ajuda-lo?
Como não tinham dimensão da gravidade da situação, voltaram a se concentrar em suas tarefas, pois em breve ele voltaria ao normal com a amargura dando lugar a doçura. Pelo menos assim imaginavam.
Então ele foi procurar a criança. Ela iria lhe ajudar.
Pediu-a um abraço. Ela fez o recorrente charme e lhe deu o abraço.
A reação dela foi instantânea. Assustada, se afastou. Sentiu as energias dele muito tristes. Atordoada o olhou para ele, enfim alguém o enxergava.
No lugar do lindo sorriso havia o silêncio. Os olhos vivos estavam afogados em lágrimas tristes. O neném com medo, saiu correndo e gritando:
- Mamãe, mamãe, o tio está chorando!
Agarrou a com toda força e insistiu tanto que ela foi vê-lo. Ao chegar lá, nada viu de anormal. Só o velho irmão forte em sua armadura pronto para ajudar a todos.
Já o neném viu um tio que nunca vira. Havia uma nova faceta. Não viu o palhaço. Procurou o professor, a criança brincalhona, o adulto chato, o contador de estórias, o doceiro... Tudo em vão. Procurou até o guerreiro com toda a sua armadura e nada.
Foi nessa momento que ela viu em um canto a armadura do guerreiro.
Foi aí que ela entendeu que naquele dia o guerreiro se despiu das suas quinquilharias e quem ali estava era uma criança. Uma criança mais indefesa do que ela.
Era um ser precisado de cuidado.
No seu interior ela sabia que não tinha meios para ajudá-lo. Sabia também que não tinha condições de coloca-lo no colo e esperar suas lágrimas secarem. Porque naquelas águas havia muita dor e o retrato dele tatuado no coração dela não havia espaço para dor oriunda da alma dele.
O pior é que ele não sabia a origem.
Queria o remédio amargo. Que alguém o pegasse a força, o colocasse no colo e em silêncio fizesse aquela dor amarga ir embora. Que o fizesse adormecer para quando despertar se ver no colo de alguém sendo ninado, só para variar.
Tudo o que ele queria era um pouco de carinho.
Tudo o que ele queria era que parecem de olha-lo para enxerga-lo.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O dia em que o menino chorou.


O dia em que o menino pranteou o sino logo cedo não vibrou.
O menino se atrasou e se cansou.
Na garganta o nó chegou.
As lágrimas ele segurou.
Nos ouvidos a boa música ousou.
Mas, a tristeza não o deixou.
Durante todo o dia apenas vagou.
Uma hora se cansou e abancou.
No banco bocejou.
O coração esbravejou.
- Anda! Levanta!
Fingiu que não escutou e se levantou.
Pelas ruas andou, mas não cantarolou.
Todo o seu esplendor não despontou.
Em plena Primavera o Inverno apontou.
Enfim seu coração esvaziou.
Todavia, ele não aliviou.
Tudo o que ele queria, não chegou.
Tudo o que ele queria era sair do redemoinho.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Voltei Recife.

Voltei Recife, mas não foi a saudade que me trouxe pelo braço e sim a obrigação. Voltei cantando sim, sou revel e confesso, todavia, não pela felicidade por estar voltando, mas sim de com quem voltava e da que maneira estávamos
.
- Breves momentos de simples felicidade!

Certa vez ouvi para não propagar muito a felicidade porque a inveja tem o sono leve. Não é que é verdade!

Na chegada ao Recife, percebi meu coração mais feliz , como a muito tempo não estava. Alma leve. Cor mais viva. Andando tão leve pelas ruas que flutuava. Era fácil perceber.

Certo dia ele parou na faixa. Estava mais feliz ainda. Tinha um presente em suas mãos. Um anel, mas não era um anel qualquer, era um anel de vidro!

Eis que o sinal fechou. Assim como uma criança, atravessou a rua. A inveja que dirigia um potente carro o viu e não resistiu. Avançou o sinal e passou por cima dele. Atordoado e ferido ele se levantou. Sua cor era a de "burro quando foge". Era o medo. Quando a adrenalina foi passando sua cor voltou ao normal.

Vermelho vivo.

- Foi só um susto gente.
- Eu anotei a placa. Tome?
- Quero não. Obrigado. - após pronunciar essas palavras, voltou a andar.

Quando abriu a mão viu alguns pequenos arranhões nela e o anel intacto. Seu objetivo foi alcançado. Proteger o anel.

A inveja estava revoltada. Fez a volta e ficou a espreitar o jovem coração. Quanto mais olhava, mais via que nada de ruim havia lhe acontecido. Acelerou o carro e o viu no outro quarteirão.

- Foi só um susto pessoal. Estou bem.

Este fato se repetiu todos os dias durante mais de um mês.

Hoje encontrei com o meu coração novamente na faixa. Um pouco cansado da correria que se tornou a vida em Recife, mas ainda lindo.

Conversamos e ele atravessou na faixa ao ver o sinal aberto para ele. Vi a inveja vindo em alta velocidade. Não tive dúvidas, corri para ajuda-lo. Só então percebi qual realmente era o objetivo dela: Nós acertar em cheio, juntos.

Atropelou o corpo, a alma e o coração.

Essa batida foi forte demais para o coração. O vi perder a cor viva por uma mais fraca.

- Ele está morrendo! Socorro!

Gritar era em vão. Ele me puxou pelo pescoço, me mostrou o anel muito arranhado e disse:

- Desculpa. Não consegui protege-los. É tarefa dos dois! Tentem!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tempo bom!

Ele amanhece na cidade cinzenta que tanto ama, abre a geladeira e pega seu suco de uva. Toma uns goles e corre para o banho. Está atrasado. Enquanto lembra da noite quente sob as cobertas seu telefone toca, mas não escuta. Seu namorado vai atender. É a voz de um outro alguém que se assusta e desliga. A pulga salta e vida segue. Saí do banho. Se aquece. Um café com muito Amarula para sair exalando tesão. Dá um beijo quente e recebe um desconfiado. Mas o tesão que já lhe toma a alma diz: Vamos? 

Pega a mochila sobre a cama, o relógio na cabeceira e o celular no banheiro e se dirige para o trabalho. No caminho longo pensa um pouco no que fazer da vida. Mexe em seu celular e percebe que o outro ligou. Seu amante, muito amante não resistiu e ligou. 

- Agora entendo o beijo que recebi. 

Sorri, olha para o lado e vê seu reflexo no vidro. Percebe que esta sendo fitado. A Amarula toma conta de seu ser, não tem como controlar. Resolve descer do ônibus, mas a Amarula não o deixa. Foge dela pegando um taxi. No automóvel se decide. Mudou o status de seu perfil para "na mesa de negociações". Enfim chega ao trabalho e é recebido por sua secretária que diz: Está atrasado para a reunião. 

Corre. Entra na sala ofegante. Passa o dia nela e às 21 horas está liberado. Corre para descansar. Vai tomar um café na gelada noite paulistana em um local que não é o café que dita o ritmo do calor. Homens, cartas, luz baixa, uma sensual morena dança enquanto canta jazz. Esse é o local.

- Garçom, o que você tem para mim hoje?

- Mesa 5. responde ele. 

Chegando lá encontra o seu celular, uma garrafa de Amarula, seu namorado, o seu amante e uma mesa.

A negociação começa e em poucos segundos há o verito. Uma relação a três acontecia e só ele não sabia. Ele decide então escolher aquela que lhe dá mais prazer. Agarra a Amarula e sai sob a chuva para gastar todo o tesão guardado naquele corpo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cantina Sogni d'oro!


Um dia cansativo chega ao fim. Ele caminha a passos de zumbi até a cozinha de Pepe. Entra pelos fundos para não ser notado pelos clientes do grande amigo italiano que ao vê-lo diz:
- Mio dio che cosa ci fai qui in questo stato? (Meu Deus o que você está fazendo aqui neste estado?).
- Tive um dia muito pesado, alias, uma semana daquelas. Tem como me preparar a pizza da Mama de oito fatias?
- Tens certeza mio amico?
- Sim, sim.
- Certo. Vou fazer. Vinho?
- Sim.
Enquanto esperava Pepe fazer a pizza encaminhou-se para uma mesa vaga da cantina e degustou a garrafa do vinho que preparava o coração. Ao término da garrafa, a pizza estava pronta. 
- Buon appetito! 
Olhou para a pizza fixamente, fez uma prece e enquanto a olhava suas papilas gustativas começavam a funcionar. 
Pegou a primeira fatia com a mão mesmo, sem guardanapo, tampouco garfo e faca. Foi matar logo a sua fome. Estava diante daquela que se alimentava das suas vísceras. Não teve muito tempo para saborear a fina massa preparada pelo italiano. Era como a segunda-feira. O abre-alas da semana. A que queremos que logo vá embora, que seja devorada. 
A segunda fatia foi engolida de maneira um pouco menos veloz, mas ainda assim rápida. Queria que chegasse logo a quarta-feira. O dia que para ele consta como sendo a metade da semana, o dia que vamos dar uma parada e foi assim que o fez na terceira fatia, a quarta-feira. 
Para degustar esta levantou a cabeça, respirou fundo e pediu um refrigerante. Enquanto a bebida não chegava, pensava um pouco na vida e percebeu que sua língua estava queimada. Foram as duas primeiras fatias que estavam muito quentes, mas por serem os dois primeiros dias da semana, não as quis sentir passar por suas papilas, mesmo elas se mostrando ansiosas para ficar, não ficaram. Entraram e desceram o túnel como as anteriores.
A quarta fatia já a degustou de maneira tal que sentiu prazer com a sua passagem. Era a fatia que antecipava a que para ele era a melhor: a quinta fatia, a sexta-feira.
Essa era especial. Antes de degustá-la pediu a carta de vinhos. Essa merecia uma acompanhante a altura. Esperou de maneira aflita sua acompanhante. Enfim ela chegou. Olhou para a combinação. Sentiu um enorme prazer antes mesmo de toca-las. Estava excitado. As comeu calmamente. 
A sexta fatia chegou com a sensação de empanzinamento, mas a comeu. A ressaca gastronômica já se fazia presente no sábado. 
A sétima era o domingão. Chinelo, sofá e cobertas. Foi assim que ele, já com o ritmo muito devagar, digeriu o último dia da semana, que na realidade é o primeiro, no entanto, não é esta a ordem dele. 
Parou diante da última fatia. O nome dela era saudade. Com elas nas mãos deixou uma lágrima escorrer por seu rosto. A cada milímetro percorrido por ela uma lembrança de outrora se fazia presente em sua boca seca. Sentia seu coração bater acelerado e preso em sua garganta. Os clientes assustados notaram que ele pediu a pizza da Mama e chegará à última fatia. 
Ele estava brincando de estátua. Somente quem se movia era a água que percorria calmamente sua face até parar. Parou na lembrança que ele mais gostava.
Via-se trancado no banheiro com milhares de músicas tocando em sua mente. Dançava de um jeito que só ele e Deus conheciam. Cantava todas as músicas sem ninguém ouvir quais eram. Era o seu segredo, a sua lembrança.
Pisca o olho. Acelera a queda da gota. Deixa a fatia de pizza no prato e se vai.
Esta, a lembrança, a saudade, ele jamais poderia devorar, tampouco degustar. Queria tê-la com ele. 
Pois ainda hoje, muitos anos depois, tem este mesmo momento com Deus. 



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O relógio.

Sentado, segurava com as mãos a cabeça que teimava em cair. Juntamente com ela caiam as lágrimas que escorrem sem parar por seu rosto formando um enorme lago sob seus pés. Ao seu redor algumas pessoas. Diante de sua própria dor, não consegue reconhecer quem são. Só sabe que suas bocas metralham milhares de palavras por segundo. Olha para cima e diz:
- Por que senhor?
Ao mesmo tempo enxerga um relógio. Fica hipnotizado olhando os números até que percebe algo diferente. O relógio está voltando no tempo.
Boquiaberto espera ansiosamente o próximo minuto agarrado na cadeira.
Ao piscar os olhos recebe uma enorme onda de água. Ao piscar novamente se desespera. A cadeira se tornou um pequeno barco. As metralhadoras saíram das bocas e estão presas no barco. Elas atiram milhares de balas por segundo para todos os lados. Está em uma guerra sobre as ondas de algum oceano Deus sabe onde. Coloca as mãos para fora e começa a remar loucamente fugindo das balas que passar tão perto de seus ouvidos que as escuta dizer: Oi, talvez meu outro amigo que vem aí atrás te acerte.
Ao levantar a cabeça, vê que rema para a morte. O oceano na realidade é um grande rio que está se acabando. Vem aí uma enorme queda d'água. Se rasteja para o final do barco para remar-contra-a-maré.
Tudo em vão. Cai. Enquanto cai, a paz de sentir voando é uma mão que lhe acaricia a alma.
Em posição fetal cai na água e bate a cabeça no fundo do rio. Atordoado, abre os olhos aos poucos. Muito barulho e luz. Senti a sua cabeça molhada. Ao colocar a mão no local e leva-la próximo dos olhos, tudo está vermelho. Sua cabeça sangra. Junta forças e se senta. Ao se sentar vê em seus pés chuteiras e em suas pernas, meiões. Bermuda e camisa também estão nele. Um companheiro vem correndo lhe ajudar.
- Você está bem? - disse.
Demorou mais alguns segundos para entender que levará um cotovelada na cabeça jogando a final do futebol de campo nas  Olimpíadas.
- Onde estou? - perguntou assustado.
- É a final Peter. Estamos em casa contra os alemães.
- Que ano estamos?
- 2012. Você está bem?
- Sim, sim! Vamos jogar!
Levantou e foi em direção ao médico da seleção. Ele fez um curativo e o bravo jogador voltou para defender a sua Nação. Ao entrar novamente em campo todos gritavam seu novo nome.
- Peter! Peter! Peter! Peter!
Recebeu a bola e com um gingado e habilidade fora do comum no mundo britânico, partiu pra cima. Driblou até o juiz e "entrou com bola e tudo". O estádio veio a baixo.
- The game is over!! - gritava enlouquecidamente o locutor. Enxergava raiva no olhar dos torcedores ao gritar gol! O arbitro reiniciou a partida e assim que Peter pegou na bola, um alemão tamanho "G" lhe deu outra cotovelada. Estava no chão e, mais uma vez, ensanguentado. Só que dessa vez "o pau cantou". Enquanto alemães e britânicos se esmurravam, Peter se rastejava sem enxergar muito. Estava debilitado. Se rastejou e caiu no foço. Quando enfim bateu no chão escutou um enorme estouro. Terra e pedaços metálicos caíram sobre o seu corpo. Por alguns segundos ficou surdo, nos seguintes, ouvia zunidos até que minutos depois ouvia gritos e tiros. Sentou-se novamente e olhou para seus pés. As chuteiras deram lugar as botinas. Estava dentro de uma trincheira. Era a Segunda Guerra Mundial e ele, um soldado britânico. Em um segundo estava com medo, no outro confuso e no seguinte acendeu um cigarro e ficou esperando o relógio andar mais uma vez no tempo e leva-lo para outro lugar.
- Relógio, me tire daqui. Talvez para um mais agradável!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por que ensina o professor a geografia da morte? - Pablo Neruda

Uma ano depois. Parado. Com a mesma roupa. A mesma cabeça cheia de idéias no vácuo. Na mesma varanda. Na mesma posição. Na mesma cidade. Antes, madrugada; hoje, a tarde.
O menino fica olhando a mesma vista de outrora.
Hoje conheceu, percebeu, um típico homem do agreste, o homem-lagarto.
Dentro de casa faz muito frio. As casas são coladas. Não entra muito calor. O que perpassa é a corrente de ar frio. Ficar na laje, hoje não tem graça.
Se ficar em casa deixará seu coração se tornar gelo. Precisa sair. Precisa se tornar lagarto.
Em um piscar de olhos não o vemos mais.
Está lá fora colado na parede. Na parte que faz sol. Quanto mais tempo o sol permanece na parede, mais tempo o lagarto permanece imóvel sobre os olhos aquecendo o seu coração.
Enquanto o homem-lagarto acompanha o sol pelas paredes e o menino fica sentado na varanda, sorrindo e pensa: O homem-lagarto é da família dos girassóis?
Bate a agonia novamente e o menino entra.
Vê seu companheiro ao lado de García Márquez psicografando mais um ponto.
Ainda agoniado caminha pela casa. Ervas, pão, vinho e mulheres.
Volta para a varanda. O homem-lagarto andou pouco.
Em transe o menino tem mais devaneios.
Fecha os olhos e se vê pulando da varanda.
Seu corpo sinuoso desvia dos fios de alta tensão e cai no mar gelado do polo sul.
Quanto mais nada para a superfície, mais sem folego fica. Para. Flutua dentro d'água. Entende a lógica.
Nada para o fundo. Quanto mais para o fundo, mais folego tem. Descola um caiaque com uma sereia. Troca  suas pernas pelo caiaque e por remos.
Transfigurado e com o pulmão cheio de oxigênio passeia pelos mares.
De repente desperta. Está Maysa a lhe chamar. Entra para ver o que quer.
O homem-lagarto estava à porta o convidando para aquecer seu coração.
Com suas pernas de volta corre e se joga na parede. Fica relaxado e feliz por lá.
Deste local vê a si mesmo na varanda conversando com Neruda que em espanhol lhe pergunta: Por qué se suicidan las hojas cuando se sienten amarillas?


Ao som de "La lune de Gorée" e "Se quiser falar com Deus" - ambas na voz de Caetano Veloso.


sábado, 7 de julho de 2012

Releitura.


“Se eu não rezei direito o Senhor me perdoe. Eu acho que a culpa foi desse pobre que nem sabe fazer oração”.

Dia após dia ele pede. Pede o que não precisa. Olha para o que o outro tem, pega mais uma vez o trem e como muito desdém diz: Tenho não senhor.

Na hora que a sombra se esconde sob ele mesmo, o estômago faz barulho.

É chegada a hora da pausa. Nutrir o interior sem perceber que seu colega nada tem.

Volta ao trabalho. No final do dia volta ao vai-e-vem do trem.

Chega a casa e vê sua pequena no canto chorando.

- O que você tem minha filha?

- Nada não papai.

- Pode falar. Estou aqui para te ajudar.

- É que minha amiguinha ganhou uma boneca nova.

- Minha pequena, a gente já conversou sobre isso. O papai e mamãe estão sem dinheiro no momento.

- Eu não quero a boneca.

- Então por que o choro?

- Imaginei os pais dela dando o presente e ela quebrando em pouco tempo. Ela não dá valor ao que tem papai.

Neste momento ele vira para o céu e diz:

- “Perdoe encher meus olhos d’água”. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Eduardo e Mônica



Eduardo passou às lindas tardes do ano a espera dela. Ela mais velha, tem que trabalhar. Não tem possui tempo vago durante as lindas tardes de céu azul como o dia de hoje, não junto com ele. 
Dias como os de hoje merecem sorvete, caminhar livre por aí, sem destino, sorvete, água de coco... o lugar pouco importa, para Eduardo a Mônica é o que importa. 
Mas ela anda muito ocupada com o trabalho. Esta presa a ele.
Ele, Eduardo, passa muitas tardes bolando tardes perfeitas com ela. Por ser muito jovem, não conseguia entender como ela não fugia do trabalho para viver com ele. Ele só a pedia uma tarde e nada mais.
Enfim ela entrou de férias. Deus dá como prêmio de boas vindas a ela, uma linda tarde de céu azul, muito dinheiro no bolso para tomar muitos litros de sorvete e Eduardo totalmente disponível. Mas, o que aconteceu? Ela ainda tem uma pendência com o trabalho.
Eduardo ficou triste. Olhou pela janela e viu o céu azul. Lembrou é que hoje é a última noite de lua cheia e  ela ainda tem uma pendência. Não vão poder se ver.
Será que ela está vendo isso? Será que ele está exagerando?
Sinceramente eu não sei. Vou é aproveitar a tarde azul e a noite enluarada!
E Eduardo, você só vem primeiro neste texto e na música, porque no resto...

domingo, 17 de junho de 2012

Numa noite dessas qualquer...

E eu? Ainda te espero chegar.
O sol já vai nos deixando. A lua vai chegando.
Oh friozinho gostoso.
Caminho sozinho entre os casais enamorados que aproveitam o frio para ficarem agarradinhos...
E eu? Ainda de espero chegar.
Uma paradinha para um chocolate quente para aquecer o coração.
Ao respirar aquela fumacinha gostosa.
É hora de colocar um agasalho.
Conversando com Luiz olho pro céu. Vejo como ele está lindo.
A visão do Paraíso.
Abaixando a visão, mais fumaça.
Crianças correm ao redor da fogueira.
Os pais enamoram na porta de casa, observando as crianças, cumprimentando os vizinhos que o mesmo fazem.
E eu? Ainda te espero chegar.
Continuo a minha caminhada.
Entro pela noite. O frio aumenta.
Hora de se reaquecer.
- Amigo, aquela cachacinha, por favor.
Enquanto me deleito os escuto ao longe.
Triângulo, sanfona e zabumba.
E eu? Te espera chegar.
Adestrado farejo as pistas até te achar.
Achei!
Cheguei ao pátio do forró.
Aqui vou encontrar meu amor para me aquecer a noite inteira enquanto forrozamos!

sábado, 2 de junho de 2012

3 anos e 1/2!

Não foi uma escolha.
Foi Deus que te colocou em meu caminho.
De início, um estranhamento de um, e um "tô nem aí" da outra.
Um ano se passou e a gente se beijou pela primeira vez.
Foi sem pressa.
Ainda não tenho palavras para descrever.
Bom, gostoso, perfeito, inesperado, apressado, vergonha,
embriagante,
hipnotizante;
uma dádiva.
Muitas histórias. Muitos planos. Muitas brigas, mas quantos sorrisos!
Quantas lembranças gostosas das tardes de verão!
Tudo presente. Muita paixão! Muito amor!
Somos tudo: amigos, amantes, errantes, namorados, professores, companheiros, dançarinos, escritores, comediantes, espíritos... personagens ativos de uma   linda história de amor.
Ao fechar os olhos um filme aparece.
Lágrimas e sorrisos.
Loucamente mergulhamos de coração.
Desvendamos algumas camadas do outro e as nossas, graças ao nosso companheirismo.
Ainda não percorremos todas as camadas.
Ainda bem!
Pois, o nosso diferencial é não conseguir colocar um ponto final.
Somos reticências...
O espaço para respirar e dar continuidade ao nosso amor.
Àquele grudinho tão nosso que para os outros, não há individualidade. Mas, você sabe tanto quanto eu que há.
Que a gente se entende com o nosso grudinho gostoso e recorrente e com o nosso espaço, quando preciso.
"Ainda bem que você vive comigo!"

Ao som de "Tão bem", Lulu Santos e "Sinceramente", Cachorro Grande.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O que quero!

Na terra do sol nascente / mantenho a corrente / nado contra a corrente / sigo em frente / nas mãos tenho a semente / pra plantar junto a nascente / bater o tambor que leva ao meu amor!

domingo, 27 de maio de 2012

Giroscópio!

Os olhos não sabem para onde ir.
Os olhos do lagarto e o pescoço da coruja devoram tudo.
Cada ponto um universo transverso.
Muitos paralelos.

Uma muriçoca nervosa invade minha narina.
Percorre o caminho até o cérebro.
Agita os neurônios.
As luzes vermelhas contrastam com os traços.

Um remoinho me hiponotiza.
Mergulho nos traços que formam o futuro.
Estou flutuando e sorrindo com as figuras ao meu redor.

Um fantástico mundo ganha forma.
Continuo girando.
Não vou sair daqui.




(Crédito: André Arruda / https://www.facebook.com/zaca.arruda )

In: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3750738962601&set=a.3749916862049.2163889.1100178264&type=3&permPage=1

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Suplica!

Um grito!

É tão grito que ninguém escuta.
O corpo agora começa a padecer.
A cabeça não suporta mais.
Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.
Sempre presente em nós, seres amantes-errantes.

Não quero mais.
Não quero mais esse peso sobre meus ombros.
Esse algo que retira o suco da minha vida.
Ando doente. Meu corpo agora me diz mais claro do que nunca:
- Para! Não dá pra você! Pare de se violentar. Muda.

Mãos ainda sem rumo, com lágrimas constantes, medo estampa na garganta...

Com mais prumo, te digo:
- Muito obrigado! Que seja eterno enquanto dure! Docência, até um dia!

Procurar o colo.
O colo daqueles que colocam as mãos em minh'alma e retiraram as mazelas da vida!
Cambaleando sob as cordas do circo da vida vou.
Terminar este ciclo para pular de peito aberto
com o rosto ao vento com um só pensamento: deixar fluir em outra direção!
Sem a rosa que vai com os ventos.
Enfim ouvirei aquele que guia a bússola de Jack!

Cambalear, cambalear, cambalear...


(Crédito: André Arruda / https://www.facebook.com/zaca.arruda)
(In: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3788993478940&set=a.3749916862049.2163889.1100178264&type=3&theater )

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Transe!

Não é uma casinha de sapê, mas cabe perfeitamente eu e você!

Uma mistura do homem com a natureza de excepcional beleza!

Dentro do nosso lar com destreza singular!

A  madeira nos reserva o isolamento!

Casulo que não traz escuro!

Revigora, ora!

Sorrisos escondidos, soltos e desprendidos!

Entrelaçados sem conseguir distinguir!

Roguei por vós sob os lençóis!

Para não ficarem a sóis!

Um sopro vai tira-lo do sufoco!

Os tambores tocam e me invocam!

Tem que ir!

(Crédito: https://www.facebook.com/pages/O-Bosque-de-Berkana/206807786067043)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Brincando com as palavras!

Agressão. Palavras injuriosas.
Saudade.
Atitudes que os afastam.
Saudade.
Choros. Gritos pressos na garganta.
Saudade.
Estar lá sem aquele que a completa.
Saudade.
Estar lá sem aquela que o completa.
Saudade.
Uma vida juntos mal vivida.
Saudade.

Um dia, uma despertar. Carinhos, abraços, afagos e muito amor se fazem presentes.
Os presentes também se fazem presentes.

E a saudade?

A saudade não se faz presente, tampouco deixou saudade!

domingo, 22 de abril de 2012

Reverência!

Ah minha pequena! Que a vida nunca lhe retire esse brilho no olhar. A doçura de seus gestos. A beleza que se torna a vida quando você está. Que toda a sua meiguice te acompanhe até o céu! Até quando este ranzinza estiver perto de ti! Que você possa chegar a boa idade igual a esta que lhe acompanha. Com o mesmo brilho no olhar. Com a sabedoria de dar a mim, pobre aprendiz, mais força e brilho para viver!
MUITO OBRIGADO!

O que você quer ouvir!

O que você quer ouvir?

Dias bonitos de sol, em um lugar bonito.
Paz interior. Todos os que ama ao seu redor.
Boa música e comida!
O verdadeiro sonho em que tinha quando era criança.
Sonho de criança em vida de adulto.
Sonho este que outro adulto lhe faz questão de tirar.
Sonho este que outro adulto faz questão de dar fim.
Sonho este que outro adulto faz questão de não dar continuidade quando você, criança, PRECISA!

sábado, 14 de abril de 2012

Clamor!

Ah poeta me ajuda! Afasta de mim este cálice! Cala minha boca. Abre meu coração! Não me afasta de mim! Me trás de volta pra vida. Não me diz adeus! Me junta aos teus! Me faz sublimar! Mas, me perdoa se eu não resistir e chorar! É que ainda dói, na realidade para sempre vai doer e já não sei mais a quem recorrer. Não sei o que fazer para amanhecer! Para não mais sofrer, pior é fazer sofrer! Olho pra você e o que dizer? O que fazer? Correr? Que rota seguir? Que escolha fazer? Posso ir para depois do fim do universo mas... e o seu olhar? Me diz tanto! Te quero tanto! Tenho tanto a dizer! Ah poeta, afasta de mim este cálice. Me ajuda! Me cobre, faz frio! Me tira da rota e me coloca na rota incerta da vida. Quem sabe nesta eu me acerto e encontro a força e a coragem dos Samurais e atravesso esse negócio que me deixa incerto. Pois "Eu não quero ficar sem você esta noite/ Eu só quero que você saiba quem sou eu!" E acordar e recomeçar a cada novo amanhecer!

Perdoa!

Às vezes não conseguimos enxergar o que em nossa frente está.
Queremos tanto uma magia!
Queremos tanto alguém para nos semear
que não esperamos anoitecer para ver!
Tudo de bom aparecer.
É na escuridão que também podemos deixar nossos corações flutuarem.

Do cru ao o sublime!

Perdoa não conseguir ver toda a sua beleza.
Perdoa não conseguir ver toda a sua beleza todos dos dias do ano.
Perdoa não conseguir ver toda a sua beleza em todas as horas.
Perdoa!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Prendendo ao mesmo jugo.

O que faço com você meu caro querer?
Não quero mais querer.
Tampouco poder!
Não quero você.
Quero poder quer o teu oposto.
O teu verso que caminhas pelo outro lado do universo.
Por você, não peço.
Só me despeço.
Até mais minha querida!