quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Harmônia!

Fotografia retirada do site http://www.fotocolagem.com.br/ em 18/10/2012)
Pincel, spray, walkman, fone de ouvido, mochila nas costas, bike, uma cabeça cheia de ideias, um coração, sorriso nos lábios, um beijo na mãe e pé no mundo!
Foi assim que o jovem menino mais uma vez saiu de casa. A única diferença, o que deixou sua mãe curiosa, era o fato de ser feriado. Ele saiu tão rápido que a  curiosidade que se fez presente na mente da mãe, não conseguiu chegar até a boca para ela lhe perguntar:
- Menino aonde você vai com tanto cacareco? - ela então correu para ligar. Tudo em vão. O celular foi deixado em casa. Ao lado dele um bilhete dizia: Mãe, eu vou colorir o mundo!!
O menino passa pela portaria, com o sorriso que é a sua marca, monta na bike e cessa para pegar o walkman. Coloca no repertório somente uma mulher: Mo'Kalamity, em especial "Father reggae". É seu mais novo mantra. 
Para na esquina e abre a mochila para conferir o equipamento. Está tudo lá. Pega o mapa contendo o seu roteiro e parti para sua missão: Colorir, dar vida, trazer luz!
Anda por algumas horas até chegar ao exato local. Uma grande avenida que durante a semana não vive. Ela está sempre parada devido ao número excessivo de tudo; muitas pessoas, bicicletas, muitos carros, ônibus... Tem até carroça com bicho. 
O curioso é que à esquerda só há concreto, mas a direita....
Há o lindo mar com um único pedaço de muro.
Passa de loja em loja, de prédio em prédio, de casa em casa explicando a sua ideia e solicitando autorização. Todos gostaram muito do menino e principalmente do sorriso estampado em seu rosto após cada "não" recebido. O problema é que esperamos um dizer "sim", para dizermos também, como ninguém havia dito sua missão ia falhar. Pelo menos era o que tudo indicava. Todavia, em seu coração havia a fagulha.
Nesse momento, na frente de todos aqueles que lhe diziam "não" chegou O Coronel.
- Meu recruta me disse da sua ideia. Gostei muito menino. Tem a minha autorização. Os muros da minha residência estão à disposição. Precisa de algo mais meu jovem?
- Não senhor!
- Positivo! Chego à noite. Esse é meu telefone, qualquer coisa que precisar é só me ligar. Deixei dois dos meus recrutas a sua disposição. Irão te escoltar. Até a noite.
Agora sim. Um brilho se fez e não era uma luz no fim do túnel. Era o menino que agora sorria de corpo e alma.
Correu para os muros do Coronel. Pensava que, como somente ele o havia autorizado, teria que reelaborar seu plano. Ficou alguns minutos sentado pensando. Nesse intervalo de tempo o português da padaria chegou com uns pasteizinhos de Belém, água, refri e com a autorização. Ele lhe disse:
- Ora pois, meu jovem. Se o coronel autorizou, eu te aprovo também. - e em questões de segundos toda a rua o autorizou. Todos ficaram a espreitar o andar da carruagem.
Ele coçava a cabeça e pensava: Como vou fazer tudo isso com tão pouca tinha? No mesmo momento que dirigiu a sua dúvida a Deus, Ele me respondeu.
Um caminhão do exército parou em frente à casa do coronel com mais oito recrutas abarrotados de tintas. Era tanta latinha de spray que ele se sentiu no shopping center das cores.
- Vamos trabalhar né? – disse aos recrutas. Os deixou sob a responsabilidade de eles escreverem nos muros da rua e ele partiu para o pedacinho de muro junto ao mar.
Ao final do dia, todos da rua lhe davam abraços, beijos e muitos sorrisos como pagamento. Ele estava radiante, mas temeroso, afinal o seu padrinho, O Coronel, não tinha visto como ficou a rua.
Muito tempo depois ele chega. Anda por toda a rua. Olha para o mar vê o muro e diz: Menino, bom trabalho!
Nesse momento o jovem se despediu e se encaminhou para casa. Já era muito tarde. Ligou o walkman e foi suavemente flutuando pelas ruas.
Ao chegar a casa, um susto.
- Menino, isso são horas? Por onde você esteve? Vocês se tornou pixador foi?
Ele olhou para mãe e disse: Mãe, amanhã na volta para casa você vai entender.
Ela o conhecia tão bem que sabia que não ia adiantar lhe perguntar nada.
No dia seguinte voltando para casa, nas avenidas que não andam o celular da mãe toca.
- Mãe? Olha para a sua esquerda e acompanha as instruções. – e do mesmo jeito que ligou, desligou o telefone sem que a mãe lhe proferisse uma só palavra.
Então foi o que ela fez.
Nos muros havia as seguintes frases:

Abaixe o vidro do carro. Desligue o ar-condicionado. Sinta a brisa gostosa do mar. Coloque uma música baixinha para relaxar. Veja como o mar é bonito. Cumprimente a pessoa que está ao seu lado. Deseje-lhe coisas boas. Tenha bons pensamentos. Sinta como você está mais calmo e relaxado. Não precisa correr. Viva mais devagar. Dê passagem aos outros veículos. Respeite o pedestre e o ciclista. Pare o carro e tome uma água de coco. Enxergue a beleza dessa natureza que lhe cerca.
A última frase dizia: Olha para o outro lado, onde está o muro que não te deixava ver o mar?

O curioso é o que distraia os transeuntes, as frases, não causou nenhum acidente. Pelo contrário. Neste trecho e nos que o sucediam os acidentes diminuíram e a vida seguiu um fluxo mais harmônico. 

Um comentário:

  1. ahh muito bom, até eu que não to no transito, to me sentindo muito mais relaxada, principalmente depois de uma noticia pessima que acabei de ter. Parabéns Nelson! =D

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