domingo, 21 de outubro de 2012

Diga que estou por aí...


Ele chegou a casa, cansado e com sono, mas muito feliz. Como ouvira recentemente "foi dormir rascunho e acordou poesia!" e era assim que se sentia.
Ao chegar a casa, viu seus irmãos dormindo e sua mãe acordada. Ela não conseguia dormir, os vizinhos estavam fazendo uma festa de arromba no salão. Era a velha guarda celebrando a vida!
Conversou com a mãe, tomou banho e foi se deitar. Percebeu que seu irmão estava acordado, pois o barulho realmente era muito alto. Os coroas cantavam as músicas gostosas de sua juventude.
Ele desistiu de dormir e foi para a varanda. Ficou cantarolando as músicas juntamente com os "da antiga" até que...
- Não! Essa música não!
Pegou a chave de casa e desceu para o salão. Ficou de longe ouvindo as músicas. Cantarolando junto com eles até que...
- Eita! Essa aí é covardia!
Eram os sambinhas que tanto gostava. Não pensou duas vezes em se aproximar. A mulher que dedilhava bonito foi a primeira a vê-lo. O susto dela foi tão grande que ela parou de tocar. Todos se viraram para olhar também. O que viram foi um menino com a cara amassada de sono, com uma samba canção e cabelo bagunçado os olhando.
- O que foi meu jovem?
- Eu estou tentando dormir e como não consegui...
- Ah meu filho, mil desculpas nos empolgamos.
- Tudo bem!
- A gente já vai parar.
- Se fosse pela minha família, já era para vocês terem parado há tempo, mas por mim, vamos nessa. – disse isso puxando uma cadeira, entrando na roda e já pegando o tamborim que estava vago. Olhou para eles e disse: Vamos nessa?
Todos começaram a rir e deram sequencia no repertório dos sambinhas gostosos da década de 50 e 60 do século passado. É meu caro, faz é tempo. É a galera da antiga. Só os dinossauros.
O tempo foi passando e já eram duas horas da manhã.
- Pessoal, o sono chegou. Vou indo nessa.
- Fica rapaz, a noite é uma criança.
- Meu caro, não se faz mais jovens como antigamente. Assim como vocês, a gente tem que trabalhar. Só que esse trânsito é um inferno. Perdemos muito tempo. Eu vou lá mesmo. Preciso dormir. Tendo outra festinha é só passar o fio.
Todos riram e pensaram: Esse moleque é legal!
- Vai lá filho. Boa noite.
Chegou a casa, pé ante pé, para sua mãe não saber que ele saiu; e saiu justamente para contribuir com a festa que não a deixava dormir.
Quando estava já quase dormindo...
- Não. Aí é golpe baixo!
O xote comia no centro e comia valendo. E como essa estória e minha.... Fechou o olho e pensou nela e quando abriu ela estava na sua cama, linda como sempre. Ele a olhou e disse: Bora? Ela, com o seu lindo sorriso, lhe respondeu: Vamos dançar muito hoje!
Já chegou ao salão cantando e agarradinho no seu bem querer. A velha guarda o olhou e disse: Sabia que essa você não ia resistir.
Já era quase três da manhã. A dança, música, o sorriso no rosto se faziam presente. Ele, olhava para o céu e disse a sua célebre frase: Ah moleque!! Alegria, alegria!!
Seu irmão, muito irritado porque não conseguia dormir reconheceu na hora aquelas palavras. Levantou e foi até o quarto do seu irmão e ao ver o quarto vazio pensou: Filho da....
Como Zé é gente fina, sensitivo e o dono dessa história, ele sabia que seu irmão ia acordar e lhe reservou um presente. Quando ele entrou na cozinha para tomar um copo com água entrou a sua patroa com cara de tédio.
- Você?
- Pensei que você não ia acordar. Vamos logo dançar, ainda está em tempo.
Ele ainda atordoado sem entender colocou a cabeça no corredor e viu sua irmã, com seu namorado e filha arrumados.
- Ué? Aonde vocês vão?
- Como assim pra onde? Pra festa! Vê se não demora! Mamãe já está se arrumando também.
- Opa! Só se for agora. Festa é comigo mesmo!
Às 3:30 da manhã toda a família estava reunida no salão com seus novos amigos celebrando a vida!
Ele olhava para o céu e dizia: Valeu meu camarada!
Voltou correndo para o seu amor para bailar!
- Alegria, alegria!


sábado, 20 de outubro de 2012

Se!

Se é amor, vai
Se é amor, se joga
Se é amor, vai até ele
Se é amor, não compare
Se é amor, repare
Se é amor, não o deixe ir
Se é amor, aprenda outo idioma para ele te compreender
Se é amor, não o deixe para trás
Se é amor, não o deixe ir
Se é amor, queira
Se é amor, leve-o para passear
Se é amor, invente
Se é amor, e inventar não basta, reinvente
Se é amor, não seja o cara
Se é amor, seja amor
Se é amor, não o deixe ir
Não o deixe ir
Não repita o mesmo erro se é amor
Se é amor, não deixe se transformar em caos
Se é amor, deixe a tristeza de lado
Se é amor, não o transforme em ausência
Se é amor, não o transforme somente em saudade 
Se é amor, chega mais cedo amor
Se é amor, vem!
Pois, amar vale a pena florzinha!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Criança!

Ah como é belo ser criança.

Que faz lambança.
Que dita a própria dança.
Que não pensa em balança
quando o assunto é ser criança!

Pobre adulto.
Que não enxerga a criança em seu culto.
Que quer tirar o seu impulso.
Que quer tirar-lhe o salvo-conduto.

Meu caro adulto,
vamos deixar a criança ser criança.
Deixá-la fazer lambança
e nessa bagunça enxergar a beleza da vida!
As muitas cores que existem quando somos simplesmente crianças!!

sábado, 13 de outubro de 2012

Domingo.

Era apenas um domingo como outro qualquer.

Mas esse não era qualquer.
Era sábado. Um sábado sem ela.
Ela quem abre a janela.
Que traz para a sua janela toda a aquarela.
Que traz consigo uma passarela que vela para além mar.
Para além das nuvens.
Leva para tão longe que ele não se perde.
O leva para dentro de si.
O faz pensar nas coisas da vida.
O faz sentir as coisas da vida.
Lhe traz a tona a vida que está dentro dele.
Traz a tona as histórias de sua vida.
As que ela não conhece, pois as estórias do cotidiano ela já ouviu algumas.
E justamente por ter ouvido algumas que ela o quer tão perto.
Ele a dá a imaginação que tanto precisa em sua aquarela.
Ela tem as cores.
Ele tem a imaginação.
Ela vive no mundo da lua.
Ele se refugia lá. 
E hoje, que não é um dia qualquer
ele a espera com um buquê na janela! 
Espera o dia se tornar noite para enxergar a ponte que o levará para a lua.O seu refugio!
Enquanto esse momento não chega,
ele vai caminhar por aí sob as gotas de chuva que o permitem sonhar!
Ele vai contar para si mesmo que caminhava sob a chuva junto dela!


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Amor!

Como definir o indefinível?
Como definir a sensação que toma todo o corpo?
Como explicar o coração pulsar mais forte quando a vê?
Como explicar o coração pulsar mais forte por não vê-la?

Sentir medo e felicidade tudo ao mesmo tempo, ao ver o outro crescer.
Ficar feliz vendo a flor desabrochar para o mundo.
Vendo a flor desabrochar para você.
Vendo a flor desabrochar por você.

Tempo. O tempo quando a gente ama de corpo e alma não importa.
Ele é variável.
Joga a favor na hora certa.
Pena que para nós, os amantes, ele é sempre muito longo.
Ele sempre sopra na direção certa.
O complicado é que às vezes não percebemos.

Pedras haverão no caminho.
Mas elas servem para quando chegarmos lá em cima termos a noção de quanto é grande o mundo.
Da beleza da vida. É o encontro do céu com o mar.
Do dia com a noite.
De você e eu!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Um abraço no alto do morro!


Ao longo da breve vida aprendeu a rir para não chorar.
Agora é tudo novidade. Estava tão triste que sentia a amargura tomar conta de suas papilas gustativas. O gosto da vida era muito amargo.
Olhava desesperado para todos pedindo ajuda. Qualquer um servia. Mas, aprendeu tão bem a fingir, que a maioria não percebia a sua dor. Poucos notaram, todavia, logo pensavam:
- Ele triste? Amargo? É impressão!
Aqueles raríssimos que o conheciam no íntimo sabiam que ele estava triste, porém, como consolá-lo? Afinal, sempre saem dessa boca, hoje amarga, as doces palavras de conforto. Os puxões de orelha visando à melhora, a transformação. Como ajuda-lo?
Como não tinham dimensão da gravidade da situação, voltaram a se concentrar em suas tarefas, pois em breve ele voltaria ao normal com a amargura dando lugar a doçura. Pelo menos assim imaginavam.
Então ele foi procurar a criança. Ela iria lhe ajudar.
Pediu-a um abraço. Ela fez o recorrente charme e lhe deu o abraço.
A reação dela foi instantânea. Assustada, se afastou. Sentiu as energias dele muito tristes. Atordoada o olhou para ele, enfim alguém o enxergava.
No lugar do lindo sorriso havia o silêncio. Os olhos vivos estavam afogados em lágrimas tristes. O neném com medo, saiu correndo e gritando:
- Mamãe, mamãe, o tio está chorando!
Agarrou a com toda força e insistiu tanto que ela foi vê-lo. Ao chegar lá, nada viu de anormal. Só o velho irmão forte em sua armadura pronto para ajudar a todos.
Já o neném viu um tio que nunca vira. Havia uma nova faceta. Não viu o palhaço. Procurou o professor, a criança brincalhona, o adulto chato, o contador de estórias, o doceiro... Tudo em vão. Procurou até o guerreiro com toda a sua armadura e nada.
Foi nessa momento que ela viu em um canto a armadura do guerreiro.
Foi aí que ela entendeu que naquele dia o guerreiro se despiu das suas quinquilharias e quem ali estava era uma criança. Uma criança mais indefesa do que ela.
Era um ser precisado de cuidado.
No seu interior ela sabia que não tinha meios para ajudá-lo. Sabia também que não tinha condições de coloca-lo no colo e esperar suas lágrimas secarem. Porque naquelas águas havia muita dor e o retrato dele tatuado no coração dela não havia espaço para dor oriunda da alma dele.
O pior é que ele não sabia a origem.
Queria o remédio amargo. Que alguém o pegasse a força, o colocasse no colo e em silêncio fizesse aquela dor amarga ir embora. Que o fizesse adormecer para quando despertar se ver no colo de alguém sendo ninado, só para variar.
Tudo o que ele queria era um pouco de carinho.
Tudo o que ele queria era que parecem de olha-lo para enxerga-lo.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O dia em que o menino chorou.


O dia em que o menino pranteou o sino logo cedo não vibrou.
O menino se atrasou e se cansou.
Na garganta o nó chegou.
As lágrimas ele segurou.
Nos ouvidos a boa música ousou.
Mas, a tristeza não o deixou.
Durante todo o dia apenas vagou.
Uma hora se cansou e abancou.
No banco bocejou.
O coração esbravejou.
- Anda! Levanta!
Fingiu que não escutou e se levantou.
Pelas ruas andou, mas não cantarolou.
Todo o seu esplendor não despontou.
Em plena Primavera o Inverno apontou.
Enfim seu coração esvaziou.
Todavia, ele não aliviou.
Tudo o que ele queria, não chegou.
Tudo o que ele queria era sair do redemoinho.