sexta-feira, 29 de março de 2013

O Palhaço.

Hoje como a muito tempo eu adulto ri como criança.
Hoje como a muito tempo eu chorei rindo como criança.
Fiquei ali, parado, boquiaberto com tudo aquilo que ele fazia.
De início um "eu não vou, já sou grande!"
Mas depois...
Estava lá, entre os pequenos.
Na primeira fila rindo de me acabar como os pequenos.
Flor que jorra água, vários lenços juntos, mágica barata e muitas palhaçadas.

Não resisti.

Chorei. Lágrimas e mais lágrimas.
Dessa vez não era saudade.
Dessa vez não estava me sentindo sozinho.
Era só eu, Deus e eu de novo.
Meu estado grave.
Por alguns minutos não tinha nada nem ninguém ao meu redor.


- Tio, o que houve? O senhor não está gostando?
- Não!
- Por quê?
- Porque cresci. Podia dizer que a culpa é de todos, mas não assumo meu erro. Cresci e deixei de lado a criança.
- Mas tio, minha mãe sempre diz que nunca é tarde para recomeçar. Vamos voltar para a sala e rir com o palhaço?

quinta-feira, 21 de março de 2013

Na casa de Dudu!


Naqueles dez únicos e sagrados minutos da manhã de trabalho que temos direito a um descanso fui à varanda ver o dia. Havia um lindo céu azul! Olhei mais para baixo e enxerguei o baobá e a praça que tive muitos momentos felizes com ela. Nessa hora pensei:
- Puta que pariu, quem foi o filho da puta que inventou a saudade?
Não foi preciso terminar de pronunciar toda a frase para ser puxado para o céu pela orelha.
- Ei meu irmão, você é meu anjo da guarda. Não pode me agredir brother
- Agora sou teu brother né? Se é nesse status que me encontro, posso fazer sim o que fiz. Antes de você falar essa merda você pensou no que ia dizer?
- Eita! Você fala palavrão? 
- Não me enrola. Responda o que te perguntei.
- É que essa saudade está me matando. Vocês não podiam esperar mais um pouco para me ensinar esse tal de livre arbítrio? 
- Quer dizer então que quem inventou a saudade é um fdp? - falou atrás de mim uma jovem forte e suave ao mesmo tempo.
- É Ele? - perguntei ao meu anjo da guarda com os olhos esbugalhados.
- Pô Deus, assim não dá! Essa saudade está me consumindo!
- É justamente isso que gosto em você: assume o que sente. Dá uma enrolada, é verdade, mas sempre está assumindo. Você já disse isso pra ela?
- Como? Você foi me ensinar essa tal de livre arbítrio...
- E onde está aquela perseverança e força toda que coloquei em você?
- Atrás do medo de fazer besteira!
- Gostei de ouvir isso. É a prudência que você sempre teve de sobra.

Zup!

Voltei para aqueles dez minutos de descanso na varanda de Dudu. Agora eram somente oito. 
Oito minutos de uma boa prosa com uma menina que conheço de muitos carnavais.

Voltei para a minha tarefa e fiquei há filosofar o dia todo em cima daqueles oito minutos. 

Plim!

No dia seguinte fui transportado. Enquanto voava pelos mares desse mundão de meu Deus ouvi um jovem dizer: Essa menina já chega com cara de cansada!
Eu me vi respondendo: Ela é descansada e não cansada. Ela é a mesma de outros carnavais e a mesma da conversa dos oitos minutos. Navegando sobre os Sete Mares com o Pérola Negra descobri porque ela é descansada.
Ela dorme sobre o Pacífico. 
Um pouco mais à frente uma surpresa divina: estava caminhando sobre as águas. Quando cheguei à terra firme passei a navegar até chegar à cidade dela: Luanda, a cidade dos sonhos. Lá ela pode colocar o seu projeto pra frente: revelar a alma das mulheres negras!

Zup!

Fui transportado para o Rio de Janeiro. Vi-me subindo as ladeiras do Rio Comprido feliz no auge dos meus quinze anos. 

Zap!

Agora estava subindo as ladeiras de Santa Tereza no bondinho. 
- Aqui irmão. Vou subir o resto na raça! - falei para o irmão que dava ritmo ao bonde! 
A luz amarela da um ar de retrô, todavia, como estamos dois séculos à frente, o retrô dava espaço ao medo da violência. Não sabia onde ia encontra-lo, só sabia que estava lá, pronto para sair para revelar algumas almas. 
- Irmão, traz uma gelada pra mim na moral! - disse ao garçom quando sentei na calçada em frente a um boteco de esquina!
- Mas o senhor vai beber aí mesmo? No chão?
- Vou sim irmão! ? Obrigado!
Fiquei por lá filosofando sobre aqueles oito minutos, sentindo a brisa gostosa do Pacífico em minha face e sentindo também a saudade tomar conta de mim. Poderia dizer até que era "mais uma vez", no entanto, alguma vez ela foi embora?
No auge da saudade ele chegou e parou na minha frente. 
Lá estava ele: O fantasma que revela almas!
- Você me achou! - disse ele com um sorriso largo no rosto.
- Mas é claro. Vim prosear contigo.
- Eu já sei até sobre o que é. Diga a ela para seguir o caminho dela. Para ela se tornar fantasma também! 
Eu sorri e olhei para o céu! Lá estava ela a me guiar. No auge de toda a sua beleza, redonda e branca. Fechei os olhos e agradeci a lua por estar lá e por trazer até mim a saudade gostosa de tempos...
Quando desci o olhar o fantasma não estava mais a minha frente. Olhei para a esquerda e o vi dobrando a esquina.
Coloquei o resto da gelada no copo e fui andando atrás dele. 
Andei por muitas ladeiras. Pude ver muitos casais a enamorar sob a luz dela. 
Mais saudade! E quando ela já me tomava por inteiro uma grata surpresa. 
Lá estava ele, mais uma vez imóvel como uma estátua a olhar pelo buraquinho. Estava captando mais uma alma. 
Boquiaberto fiquei ao ver que o fantasma que era transparente começou a se transformar. Era gente como eu! Captando as almas alheias o fantasma se torna ser humano! De carne e osso! 
Captou a alma e voltou a ser fantasma. Foi em busca da próxima alma! 
Pra a minha surpresa quando acordei disso tudo, o fantasma havia me deixado um presente: a fotografia feita na noite passada. Nela havia o rosto da mulher amada a pensar no amor!

domingo, 10 de março de 2013

Algo novo.

HOJE O PAPO É RETO!!

- Puta que pariu meu filho! Você não vai aprender? Ser jovem tem um quê de imaturidade, eu sei, fui eu quem te fiz, no entanto você vai insistir toda noite em ser burro? - quem disse isso foi Deus, minutos antes de desistir.

Horas antes...

(...)

"Todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite!"

Foto de André Souza.
Essa é a música que toca dentro das mentes férteis da maioria dos jovens por volta das dezoito horas de um sábado. 
"Bem no fundo todo mundo quer zoar".
Zoar nunca foi sinônimo de ser burro, de cometer as mesmas merdas todo final de semana e menos ainda de não querer aceitar o erro.

Um certo jovem não tinha em mente essa música em pleno sábado a noite. Queria descansar. A vida estava difícil e dolorosa, porém o destino se encarregou de ir visita-lo através de um velho amigo com o qual não proseava há muito tempo. Veio o convite para um café, jogar conversa fora e conhecer um amigo dele. Quando todos os três se encontraram, perceberam que todos já haviam se esbarrado pelas vielas do Recife.  Uma livraria, café espresso sem canela e dois chocolates quentes médios. Alguns minutos de conversa tendo como pano de fundo um ambiente diferenciado com pessoas do mesmo naipe. Mas isso não impediu a primeira reflexão.
Uma mulher muito bonita nos viu chegar. Nos olhou, coisa normal, afinal de contas passamos frente a frente. Mas, o eterno mas se fez presente. Ela ficou por perto a nos fitar. Depois de alguns minutos uma grande surpresa. Ela tinha ido à cafeteria beber alguma coisas enquanto o seu marido ficava na sessão infantil com a filha do casal. Ela foi embora para conceder uma das mãos a filha e a outra ao marido.
Fiquei a pensar: Ela é bonita, o marido também, possuem uma filha e a mulher esta a fitar três homens, por quê? Pra quê?

 Pagamos a conta, andamos pelos livros e filmes fomos embora a procura do que fazer, afinal, para a minha dupla "a noite era uma criança". Guardamos a máquina fotográfica no carro e acabamos na programação preferida de muitos jovens: barzinho.
Aí tudo começou. A prosa rolou solta, junto com ela, as minhas observações costumeiras.
As observações daquela noite foram mulheres bonitas a andar pela rua com roupas dois, três e até quatro vezes menores do que elas deveriam estar usando. Estavam sensuais e provocante, ainda mais com seus batons vermelhos. No entanto, ficava claro que elas não estavam confortáveis. Provocar, sensualizar ou estar bem consigo mesma? Elas preferiram a primeira opção. Em toda a noite, só uma fugiu a regra.
Os homens estavam, a maioria, acoplados em seus copos e canecos sempre cheios de cerveja e vinho. É isso mesmo, vinho nos trópicos.
Com o andar da carruagem homens e mulheres se misturam.
Drogas ilícitas e lícitas se misturam a eles assim como a libido. Qual é o resultado: o incomodo de Deus.
- Jovens por que vocês não sabem mais de divertir de outra maneira? São tantas opções sem álcool e perigo. Filmes, sexo seguro e divertido, conversa com os pais de seus amigos, muitos esportes, livros, caminhar por aí sem rumo, fazer amizade sem ter como início "esse(a) eu pego fácil, eita bicho(a) bom(a)". Meus filhos, vocês são jovens e imaturos, porém já passou da hora de viverem de outra maneira. Estão todos dias cometendo os mesmos erros.
O final da noite foi ao som de Mv Bill, era o que a realidade pedia.
Na minha realidade esperançosa e romântica toca Ponto de Equilíbrio, "Novo Dia".

quarta-feira, 6 de março de 2013

Fim.

Um ponto final ou reticências?
Como pode ir e deixar tanto dentro de mim?
Se foi há alguns minutos e já sinto um enorme vazio.
Já se foi há alguns meses e ainda está em mim.

A vida tem disso.
Como disse uma vez Rita: O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida.

Um grande líder político, social e acima de tudo uma grande personalidade se foi!
Um cantor, poeta, baderneiro, homem sincero e moleque também se foi.
Nós ficamos.

Alguns, um pouco machucados.
Outros, muito machucados.
E eu?

Eu ainda tento entender.
Ainda tento injetar em meu coração a ideia de que amanhã vai ser melhor que hoje.
O problema é que ideias não entram no coração!

O que me resta é colocar o walkman no último volume e escutar "Céu Azul", de Charlie Brow Jr.
Quem sabe assim não trago o amanhã para hoje!

terça-feira, 5 de março de 2013

Crase.


Uma pausa.
Uma parada para tornar-se coloquial.
Não é uma simples parada
é uma parada obrigatória.
Ser formal em um mundo de informais.
Ser hígido em um mundo de loucos.
Ser pura aparência, mas para quê mesmo?
Muita ingenuidade.
Seguir um fenômeno só para se sentir pertencente a um grupo que sabemos que não é o nosso.
Estar em um mundo que não te quer completo.
Estar em um mundo que não te faz bem.
Retirar toda fluidez da vida com essa pausa
só para dizer ao mundo que sabes ser coloquial?
Pobres formais!
Ainda não conseguem enxergar que
onde a vida existe realmente essa pausa, a crase, só atrapalha!
Deixa fluir!

E o pior é que quando deitas sozinho no escuro de suas muitas ideias
o coração te diz: Saí daí! Você está indo para o lado errado!
Mas você não o escuta e segue o fluxo.

Eu não me conformo.
Fico angustiado, com o coração apertado!
Aí Deus grita lá do alto: Livre-arbítrio meu filho, livre-arbítrio!