Ele chegou
a casa, cansado e com sono, mas muito feliz. Como ouvira recentemente
"foi dormir rascunho e acordou poesia!" e era assim que se sentia.
Ao chegar a
casa, viu seus irmãos dormindo e sua mãe acordada. Ela não conseguia dormir, os
vizinhos estavam fazendo uma festa de arromba no salão. Era a velha guarda
celebrando a vida!
Conversou
com a mãe, tomou banho e foi se deitar. Percebeu que seu irmão estava acordado,
pois o barulho realmente era muito alto. Os coroas cantavam as músicas gostosas
de sua juventude.
Ele desistiu de dormir
e foi para a varanda. Ficou cantarolando as músicas juntamente com os "da
antiga" até que...
- Não! Essa música não!
Pegou a chave de casa e
desceu para o salão. Ficou de longe ouvindo as músicas. Cantarolando junto com
eles até que...
- Eita! Essa aí é
covardia!
Eram os sambinhas que
tanto gostava. Não pensou duas vezes em se aproximar. A mulher que dedilhava
bonito foi a primeira a vê-lo. O susto dela foi tão grande que ela parou de
tocar. Todos se viraram para olhar também. O que viram foi um menino com a cara
amassada de sono, com uma samba canção e cabelo bagunçado os olhando.
- O que foi meu jovem?
- Eu estou tentando
dormir e como não consegui...
- Ah meu filho, mil
desculpas nos empolgamos.
- Tudo bem!
- A gente já vai parar.
- Se fosse pela minha
família, já era para vocês terem parado há tempo, mas por mim, vamos nessa. –
disse isso puxando uma cadeira, entrando na roda e já pegando o tamborim que
estava vago. Olhou para eles e disse: Vamos nessa?
Todos começaram a rir e
deram sequencia no repertório dos sambinhas gostosos da década de 50 e 60 do
século passado. É meu caro, faz é tempo. É a galera da antiga. Só os
dinossauros.
O tempo foi passando e
já eram duas horas da manhã.
- Pessoal, o sono
chegou. Vou indo nessa.
- Fica rapaz, a noite é
uma criança.
- Meu caro, não se faz
mais jovens como antigamente. Assim como vocês, a gente tem que trabalhar. Só
que esse trânsito é um inferno. Perdemos muito tempo. Eu vou lá mesmo. Preciso
dormir. Tendo outra festinha é só passar o fio.
Todos riram e pensaram:
Esse moleque é legal!
- Vai lá filho. Boa
noite.
Chegou a casa, pé ante
pé, para sua mãe não saber que ele saiu; e saiu justamente para contribuir com
a festa que não a deixava dormir.
Quando estava já quase
dormindo...
- Não. Aí é golpe
baixo!
O xote comia no centro
e comia valendo. E como essa estória e minha.... Fechou o olho e pensou nela e
quando abriu ela estava na sua cama, linda como sempre. Ele a olhou e disse:
Bora? Ela, com o seu lindo sorriso, lhe respondeu: Vamos dançar muito hoje!
Já chegou ao salão
cantando e agarradinho no seu bem querer. A velha guarda o olhou e disse: Sabia
que essa você não ia resistir.
Já era quase três da
manhã. A dança, música, o sorriso no rosto se faziam presente. Ele, olhava para
o céu e disse a sua célebre frase: Ah moleque!! Alegria, alegria!!
Seu irmão, muito
irritado porque não conseguia dormir reconheceu na hora aquelas palavras.
Levantou e foi até o quarto do seu irmão e ao ver o quarto vazio pensou: Filho
da....
Como Zé é gente
fina, sensitivo e o dono dessa história, ele sabia que seu irmão ia acordar e
lhe reservou um presente. Quando ele entrou na cozinha para tomar um copo com
água entrou a sua patroa com cara de tédio.
- Você?
- Pensei que você não
ia acordar. Vamos logo dançar, ainda está em tempo.
Ele ainda atordoado sem
entender colocou a cabeça no corredor e viu sua irmã, com seu namorado e filha
arrumados.
- Ué? Aonde vocês vão?
- Como assim pra onde?
Pra festa! Vê se não demora! Mamãe já está se arrumando também.
- Opa! Só se for agora.
Festa é comigo mesmo!
Às 3:30 da manhã toda a
família estava reunida no salão com seus novos amigos celebrando a vida!
Ele olhava para o céu e
dizia: Valeu meu camarada!
Voltou correndo para o
seu amor para bailar!
- Alegria, alegria!
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