“Se eu não rezei direito o
Senhor me perdoe. Eu acho que a culpa foi desse pobre que nem sabe fazer oração”.
Dia após dia ele pede. Pede
o que não precisa. Olha para o que o outro tem, pega mais uma vez o trem e como
muito desdém diz: Tenho não senhor.
Na hora que a sombra se
esconde sob ele mesmo, o estômago faz barulho.
É chegada a hora da pausa.
Nutrir o interior sem perceber que seu colega nada tem.
Volta ao trabalho. No final
do dia volta ao vai-e-vem do trem.
Chega a casa e vê sua
pequena no canto chorando.
- O que você tem minha
filha?
- Nada não papai.
- Pode falar. Estou aqui para
te ajudar.
- É que minha amiguinha ganhou
uma boneca nova.
- Minha pequena, a gente já
conversou sobre isso. O papai e mamãe estão sem dinheiro no momento.
- Eu não quero a boneca.
- Então por que o choro?
- Imaginei os pais dela
dando o presente e ela quebrando em pouco tempo. Ela não dá valor ao que tem
papai.
Neste momento ele vira
para o céu e diz:
Sem palavras...
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