quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Frenesi.


Certa vez resolvi andar pela insensatez que você me fez.

Deixei de ser freguês.

Toda a embriaguez se fez quando provei da sua fluidez.

Hoje era a sua vez e você não fez.

Enrijeceu a fluidez e toda beleza se desfez.

O que me resta fazer com a embriaguez que era para você?

Andar pela corda bamba com a lua, mais uma vez!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Grande Encontro 2.


Aquele Grande Encontro deu origem a uma grande, sincera e dançante amizade. 

As suas presenças nas festas eram garantidas. Nem sempre chegavam juntos, pois, o antes engomadinho e agora engomadinho estiloso, trabalha mais de oito horas por dia e é justamente por isso que o elétrico é tão necessário em sua vida. Ele traz o agito das boas noites regadas de Vokda, Amarula e muita dança.

Em uma dessas noites que riam e pulavam enlouquecidamente enxergaram aquele que transformaria a dupla em um trio. Eles sentiam que já estava na hora de dar uma mexida naquela amizade. E aquele que eles observavam era o ser ideal.

Eles viram um jovem agarrado em um copo contendo frutas vermelhas misturadas à espumante. Ele dançava de maneira tímida, mas sempre muito sensual.

Esse novo componente era fino, delicado e sofisticado. O seu vocabulário era sempre impregnado de palavras conhecidas, porém eram pouco utilizadas no cotidiano.

Chegaram nele. Um de cada lado.

De um lado Amarula, do outro Voka e no meio, frutas vermelhas com espumante. Esse trio era uma combinação energética, alucinante e muito dançante.

Naquela noite a amizade se fez da mesma maneira que o barman realizava os seus pedidos: de maneira ágil.

No trio se via uma pitada no novo integrante: o glamour sensualizante de Edi!

O Grande Encontro.


Em uma linda noite estrela duas vidas vão se encontrar, mas elas não sabem.

Uma, é puro agito, corres e gritos com muita badalação. A outra um pouco mais de parcimônia mesclada em tons sóbrios, voz suave com tom baixo, todavia, essa capa cai deixa de existir quando a festa começa.

O primeiro dança enlouquecidamente tendo em seu entorno os seus amigos, enquanto o outro está em um canto a olhar e balançar a cabeça. Alguns minutos passam e o primeiro precisa ir ao banheiro, pois a sua festa já havia começado horas antes. No caminho até o banheiro enxerga um engomadinho em um canto balançando a cabeça. Continua caminhando até o banheiro, faz o que tem que fazer e na volta passa pelo engomadinho e diz:

- Menino sai do canto, sai da sombra e vem dançar com a gente!!

Ele o puxa, mas a cabeça com todos os fios em ordem balança negativamente. Por aquele ser muito agitado, não soube esperar, tampouco conquistar esse com um convite mais a sua cara. Mais dançante.

O sóbrio ficou no canto tendo a Amarula como sua companheira. Lá pelas tantas quando o estado combinado, sóbrio e educado deu espaço para tudo aquilo que estava em ebulição o bicho pegou.

Já de cara soltou os botões da camisa a fim de mostrar seu físico. O olhar mudou. A Amarula era ele. Pegou os inseparáveis dados e jogou para cima. O resultado foi o que ele tanto desejava. O número 12 estava lá sorrindo para ele e dizendo: Vai com tudo garoto, libera toda essa energia! É o 12!

E foi assim que ele fez.

Dançou loucamente. Pulou como se o mundo fosse acabar. Pulou como se estivesse sobre o coração de Deus, da mais forte pulsação. E entre esses pulos, gritos, giradas de corpo encontrou com o menino agitado de antes. Eles se olharam, sorriram e disseram, Rapha com os olhos de Amarula e  Paulo com os Vokda: Vamos celebrar a vida!   

A festa era mais ou menos assim:

http://www.youtube.com/watch?v=e-fA-gBCkj0

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ferrugem!


Papel, caneta e lápis coloridos.
Tudo isso preso dentro de uma mochila.
Essa mochila colada em minhas costas.
Essas costas conectadas a meu corpo.
Esse corpo acoplado a uma cabeça.
Nessa cabeça um mundo de ideias reprimidas.

Falta espaço.

As mãos sobre o volante suam.
O dedinho da mão direita já se encontra adormecido.
É o sinal.
O sinal de que alguma coisa vai brotar de alguma mente.
Essa mente começa e dizer baixinho: Rabisca Robson, rabisca.
Procura uma vaga para estacionar; não acha.
Para ali mesmo, abre o capô e liga o alerta.
Pega no banco de trás o seu equipamento.
Abre o porta-malas e senta-se esperando a ajuda do reboque.
Fecha os olhos e enxerga Dali que o cumprimenta com a cabeça.
É o sinal.
Abre os olhos e olha para o céu.
Enxerga uma saída!


  "Mertamorphosis" - Vladimir Kush



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Brisa.


Eu quero é sentir novamente a brisa.
Eu quero é novamente ser brisa.
Daquela que vai de um lado para o outro sem rumo determinado.
Deixando a vida levar, só isso.
Sem lenço e sem documento é demais para mim, mas sem celular...
Sem chave de casa, chave de carro...
Sem chave da vida.
Sem chave pra vida.
Sem a chave da vida.
Com a brisa eu não preciso abrir nada.
Tudo está onde deveria estar. 
E se eu for brisa, enfim estarei onde deveria estar...
Andando por aí e levando comigo tudo aquilo do lado esquerdo do peito.




Ouvindo "Alegria, alegria" na Voz de Caetano.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Harmônia!

Fotografia retirada do site http://www.fotocolagem.com.br/ em 18/10/2012)
Pincel, spray, walkman, fone de ouvido, mochila nas costas, bike, uma cabeça cheia de ideias, um coração, sorriso nos lábios, um beijo na mãe e pé no mundo!
Foi assim que o jovem menino mais uma vez saiu de casa. A única diferença, o que deixou sua mãe curiosa, era o fato de ser feriado. Ele saiu tão rápido que a  curiosidade que se fez presente na mente da mãe, não conseguiu chegar até a boca para ela lhe perguntar:
- Menino aonde você vai com tanto cacareco? - ela então correu para ligar. Tudo em vão. O celular foi deixado em casa. Ao lado dele um bilhete dizia: Mãe, eu vou colorir o mundo!!
O menino passa pela portaria, com o sorriso que é a sua marca, monta na bike e cessa para pegar o walkman. Coloca no repertório somente uma mulher: Mo'Kalamity, em especial "Father reggae". É seu mais novo mantra. 
Para na esquina e abre a mochila para conferir o equipamento. Está tudo lá. Pega o mapa contendo o seu roteiro e parti para sua missão: Colorir, dar vida, trazer luz!
Anda por algumas horas até chegar ao exato local. Uma grande avenida que durante a semana não vive. Ela está sempre parada devido ao número excessivo de tudo; muitas pessoas, bicicletas, muitos carros, ônibus... Tem até carroça com bicho. 
O curioso é que à esquerda só há concreto, mas a direita....
Há o lindo mar com um único pedaço de muro.
Passa de loja em loja, de prédio em prédio, de casa em casa explicando a sua ideia e solicitando autorização. Todos gostaram muito do menino e principalmente do sorriso estampado em seu rosto após cada "não" recebido. O problema é que esperamos um dizer "sim", para dizermos também, como ninguém havia dito sua missão ia falhar. Pelo menos era o que tudo indicava. Todavia, em seu coração havia a fagulha.
Nesse momento, na frente de todos aqueles que lhe diziam "não" chegou O Coronel.
- Meu recruta me disse da sua ideia. Gostei muito menino. Tem a minha autorização. Os muros da minha residência estão à disposição. Precisa de algo mais meu jovem?
- Não senhor!
- Positivo! Chego à noite. Esse é meu telefone, qualquer coisa que precisar é só me ligar. Deixei dois dos meus recrutas a sua disposição. Irão te escoltar. Até a noite.
Agora sim. Um brilho se fez e não era uma luz no fim do túnel. Era o menino que agora sorria de corpo e alma.
Correu para os muros do Coronel. Pensava que, como somente ele o havia autorizado, teria que reelaborar seu plano. Ficou alguns minutos sentado pensando. Nesse intervalo de tempo o português da padaria chegou com uns pasteizinhos de Belém, água, refri e com a autorização. Ele lhe disse:
- Ora pois, meu jovem. Se o coronel autorizou, eu te aprovo também. - e em questões de segundos toda a rua o autorizou. Todos ficaram a espreitar o andar da carruagem.
Ele coçava a cabeça e pensava: Como vou fazer tudo isso com tão pouca tinha? No mesmo momento que dirigiu a sua dúvida a Deus, Ele me respondeu.
Um caminhão do exército parou em frente à casa do coronel com mais oito recrutas abarrotados de tintas. Era tanta latinha de spray que ele se sentiu no shopping center das cores.
- Vamos trabalhar né? – disse aos recrutas. Os deixou sob a responsabilidade de eles escreverem nos muros da rua e ele partiu para o pedacinho de muro junto ao mar.
Ao final do dia, todos da rua lhe davam abraços, beijos e muitos sorrisos como pagamento. Ele estava radiante, mas temeroso, afinal o seu padrinho, O Coronel, não tinha visto como ficou a rua.
Muito tempo depois ele chega. Anda por toda a rua. Olha para o mar vê o muro e diz: Menino, bom trabalho!
Nesse momento o jovem se despediu e se encaminhou para casa. Já era muito tarde. Ligou o walkman e foi suavemente flutuando pelas ruas.
Ao chegar a casa, um susto.
- Menino, isso são horas? Por onde você esteve? Vocês se tornou pixador foi?
Ele olhou para mãe e disse: Mãe, amanhã na volta para casa você vai entender.
Ela o conhecia tão bem que sabia que não ia adiantar lhe perguntar nada.
No dia seguinte voltando para casa, nas avenidas que não andam o celular da mãe toca.
- Mãe? Olha para a sua esquerda e acompanha as instruções. – e do mesmo jeito que ligou, desligou o telefone sem que a mãe lhe proferisse uma só palavra.
Então foi o que ela fez.
Nos muros havia as seguintes frases:

Abaixe o vidro do carro. Desligue o ar-condicionado. Sinta a brisa gostosa do mar. Coloque uma música baixinha para relaxar. Veja como o mar é bonito. Cumprimente a pessoa que está ao seu lado. Deseje-lhe coisas boas. Tenha bons pensamentos. Sinta como você está mais calmo e relaxado. Não precisa correr. Viva mais devagar. Dê passagem aos outros veículos. Respeite o pedestre e o ciclista. Pare o carro e tome uma água de coco. Enxergue a beleza dessa natureza que lhe cerca.
A última frase dizia: Olha para o outro lado, onde está o muro que não te deixava ver o mar?

O curioso é o que distraia os transeuntes, as frases, não causou nenhum acidente. Pelo contrário. Neste trecho e nos que o sucediam os acidentes diminuíram e a vida seguiu um fluxo mais harmônico.