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Mas pra onde mesmo? Mas por que mesmo? Sei lá, só sei que estou aqui. Sei lá, só sei que foi assim.
Sentimento de impotência – toma Viagra pai, dirá o gaiato.
Sentimento de vazio – vai comer boy.
Revolta? Raiva? Talvez dor? – não, acho que não.
Talvez o algo estranho do “perna cansada”? – estanho sim, mas cansado não, gosto de andar.
Talvez a “adrenalina” do pedalante? – meu coração já nem sabe mais o que é pulsar forte.
Já sei, aquele sentimento gigante de pequenez do “gigante na parada” – também não brother, sempre fui pequeno.
Agora botei pra fuder, é o anacronismo sentido por ter “acordado em 69”? – eu nem dormi, então não foi isso.
Como eu não pensei nisso antes, “uma saída”! – porra, é claro que não; não busco sair.
Sabe o que é? É exatamente o que não se percebe. É o mínimo. Não o salário, afinal de contas, no capitalismo tudo é dinheiro né? E muito clichê também. É o mínimo de noção, talvez de gratidão, de empolgação e mais alguma merda que termine com ão pra ficar bonito e poder dizer que tem rima na minha poesia. Poesia? Eu não escrevo isso. Eu escrevo texto. Poesia pra mim é como se vive. E se vivêssemos assim, não estaríamos assim. É assim mesmo, E-S-T-A-R-Í-A-M-O-S; você e eu.
Pra viver surfando em poesia – você já surfou? Já se sentiu parte de algo da natureza? – é necessário parar de olhar com os olhos e passar a enxergar com o coração. Talvez o que fizeram aqueles me (ins)piraram, os das aspas.
Você enxerga o seu entorno e fica se perguntando: aonde isso vai parar? Essa galera quer o que? Olha-se no espelho e diz: eai? Qual é neguinho? Você está andando esse tempo todo pra quê? Pelo bem comum porra?, esqueceu foi? Ah é! O bem comum.
Mas se é comum, por que está tão vazio? Você está andando muito com Pitoco, está regredindo, está perguntando o óbvio. Ahhhh, é o óbvio né? É tão óbvio que eu não to vendo. Ta fumando maconha é?
Brother...
Senta aí!
Sabe qual é a parada? A parada é o seguinte...
(cri, cri, cri, cri)...
Não entendi. Não? É que você continua a olhar com os olhos e não a enxergar com o coração. Quando você chegar lá vai perceber que tudo isso aí que está fora é exatamente a ausência do que deveria haver dentro. Estamos olhando o outro como se ele fosse igual a nós.
Mas ele não é não é? Se você conversasse mais com Pitoco, saberia que não. Saberia também que todos nós temos bons motivos NOSSOS que nos fazem andar e que raramente no NOSSO há espaço para o outro.
Para ouvir, ver e sentir o outro. Está faltando poesia na vida, mas não a escrita e sim a que é vivida!
E como faz isso? Como vive assim?
Tenta - é uma possibilidade, é um norte e não o norte - colocar um pouco mais do outro dentro de você e parar, pelo menos tenta, de colocar você o tempo todo dentro do outro!
Aprende a parar de ter a NECESSIDADE de ensinar. Aprendendo a observar o outro, vamos entender que ele não somos nós, no entanto, temos conquistas comuns, sonhos comuns e dores comuns e JUNTOS podemos chegar lá.
Mas lá onde?
Se eu soubesse também não estaria vazio igual a você, estaria juntos com os monges do Tibet. O que eu sei é que enquanto houver esse vazio comum, isso será tudo o que vamos compartilhar. Fora as fotos e leseiras das redes sociais que escondem o vazio debaixo do tapete.
A merda é que eu sou muito alérgico a poeira e não compreendo muito bem os livros de poesia!
*Também em http://var.al/nelson-pires/mais/
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