sexta-feira, 22 de março de 2024

Sarar o Mago

É sério Ângela? Olha ao seu redor, veja a melanina de quem nos serve, de quem nos pede e de quem está enjaulado nos camburões. Já  sei, fizeram por merecer. Deve ser, afinal não são netos de ninguém "importante", com sobrenome pomposo para ensiná-los sobre meritocracia. 

Às vezes, dá uma canseira danada ter sido ensinado a conectar os fatos em um mundo que cada dia mais somos forçados, e muitas vezes nos deixamos sermos forçados, a sermos alienados. Assim mesmo, cheio de repetições, não só gramaticais. 

Eu nem posso soltar um "vai pra puta que pariu" na mesa, afinal não seria polido e nem sei se a mãe dela é puta mesmo. Até na hora de xingar penso se é o xingamento certo, afinal, tenho que ser sempre coerente, senão, não serei lógico o suficiente. 

Ser o suficiente para muitos, aqueles que correlacionam a vida, já nem é mais a meta. A meta é só viver. Sem se importar com nada. 

"Era o primeiro ano que o menino de 11 anos ia sozinho para escola e acabou sendo atropelado dentro de um terminal de ônibus" pensado para matar e não para transportar. E daí? Ah como eu queria estar assim, leve. Mas aí vem o peso, por que você não vai querer me convencer de que o terminais de ônibus são milimetricamente pensados para que não ocorra atropelamentos? 

Ou seria irresponsabilidade dos pais, provavelmente da mãe, que deixou o menino ir sozinho. Não é assim que normalmente pensa o mundo? O peso é na mãe, mãe esta que deve ter recebido a ligação ainda entre o trajeto casa - trabalho, amassada entre muitas outras "pessoas". Deve ter recebido o telefone de profissional vestindo jaleco branco, com o estetoscópio no pescoço que disse "Senhora, compareça a UPA que seu filho morreu". Simples assim. 

Esse profissional que normalmente é chamado de doutor sem merecido, afinal normalmente não tem o título de Doutor. Só pode ser Doutor quem tem o título. Lá estou eu relacionando as coisas, chato né, Ângela? 

Poderia dizer mais, mas quero não. Deixo aí o texto embolado mesmo, sem revisão como é a vida, como tudo que está aqui dentro. 

Mamaste, Saramago.

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