Uma ano depois. Parado. Com a mesma roupa. A mesma cabeça cheia de idéias no vácuo. Na mesma varanda. Na mesma posição. Na mesma cidade. Antes, madrugada; hoje, a tarde.
O menino fica olhando a mesma vista de outrora.
Hoje conheceu, percebeu, um típico homem do agreste, o homem-lagarto.
Dentro de casa faz muito frio. As casas são coladas. Não entra muito calor. O que perpassa é a corrente de ar frio. Ficar na laje, hoje não tem graça.
Se ficar em casa deixará seu coração se tornar gelo. Precisa sair. Precisa se tornar lagarto.
Em um piscar de olhos não o vemos mais.
Está lá fora colado na parede. Na parte que faz sol. Quanto mais tempo o sol permanece na parede, mais tempo o lagarto permanece imóvel sobre os olhos aquecendo o seu coração.
Enquanto o homem-lagarto acompanha o sol pelas paredes e o menino fica sentado na varanda, sorrindo e pensa: O homem-lagarto é da família dos girassóis?
Bate a agonia novamente e o menino entra.
Vê seu companheiro ao lado de García Márquez psicografando mais um ponto.
Ainda agoniado caminha pela casa. Ervas, pão, vinho e mulheres.
Volta para a varanda. O homem-lagarto andou pouco.
Em transe o menino tem mais devaneios.
Fecha os olhos e se vê pulando da varanda.
Seu corpo sinuoso desvia dos fios de alta tensão e cai no mar gelado do polo sul.
Quanto mais nada para a superfície, mais sem folego fica. Para. Flutua dentro d'água. Entende a lógica.
Nada para o fundo. Quanto mais para o fundo, mais folego tem. Descola um caiaque com uma sereia. Troca suas pernas pelo caiaque e por remos.
Transfigurado e com o pulmão cheio de oxigênio passeia pelos mares.
De repente desperta. Está Maysa a lhe chamar. Entra para ver o que quer.
O homem-lagarto estava à porta o convidando para aquecer seu coração.
Com suas pernas de volta corre e se joga na parede. Fica relaxado e feliz por lá.
Deste local vê a si mesmo na varanda conversando com Neruda que em espanhol lhe pergunta: Por qué se suicidan las hojas cuando se sienten amarillas?
Ao som de "La lune de Gorée" e "Se quiser falar com Deus" - ambas na voz de Caetano Veloso.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
sábado, 7 de julho de 2012
Releitura.
“Se eu não rezei direito o
Senhor me perdoe. Eu acho que a culpa foi desse pobre que nem sabe fazer oração”.
Dia após dia ele pede. Pede
o que não precisa. Olha para o que o outro tem, pega mais uma vez o trem e como
muito desdém diz: Tenho não senhor.
Na hora que a sombra se
esconde sob ele mesmo, o estômago faz barulho.
É chegada a hora da pausa.
Nutrir o interior sem perceber que seu colega nada tem.
Volta ao trabalho. No final
do dia volta ao vai-e-vem do trem.
Chega a casa e vê sua
pequena no canto chorando.
- O que você tem minha
filha?
- Nada não papai.
- Pode falar. Estou aqui para
te ajudar.
- É que minha amiguinha ganhou
uma boneca nova.
- Minha pequena, a gente já
conversou sobre isso. O papai e mamãe estão sem dinheiro no momento.
- Eu não quero a boneca.
- Então por que o choro?
- Imaginei os pais dela
dando o presente e ela quebrando em pouco tempo. Ela não dá valor ao que tem
papai.
Neste momento ele vira
para o céu e diz:
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Eduardo e Mônica
Eduardo passou às lindas tardes
do ano a espera dela. Ela mais velha, tem que trabalhar. Não tem possui tempo
vago durante as lindas tardes de céu azul como o dia de hoje, não junto com ele.
Dias como os de hoje
merecem sorvete, caminhar livre por aí, sem destino, sorvete, água de coco... o
lugar pouco importa, para Eduardo a Mônica é o que importa.
Mas ela anda
muito ocupada com o trabalho. Esta presa a ele.
Ele, Eduardo, passa muitas tardes
bolando tardes perfeitas com ela. Por ser muito jovem, não conseguia entender como ela
não fugia do trabalho para viver com ele. Ele só a pedia uma tarde e nada mais.
Enfim ela entrou de férias. Deus dá como prêmio de boas vindas a ela, uma linda tarde de céu azul, muito dinheiro no
bolso para tomar muitos litros de sorvete e Eduardo totalmente disponível. Mas, o
que aconteceu? Ela ainda tem uma pendência com o trabalho.
Eduardo ficou triste. Olhou pela
janela e viu o céu azul. Lembrou é que hoje é a última noite de lua cheia e ela ainda tem uma pendência. Não vão poder se ver.
Será que ela está vendo isso? Será
que ele está exagerando?
Sinceramente eu não sei. Vou é
aproveitar a tarde azul e a noite enluarada!
E Eduardo, você só vem primeiro neste texto e na música, porque no resto...
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