Vivendo numa semana atípica, rodeado pelos pequenos, me reportei ao tempo em que eu era pequeno e me encontrava no superlativo. Era o mais baixo e o mais magro da turma.
Quem parou esse momento no tempo, com seu olhar diferenciado - tio Paulo - pode dizer. Em todas as fotografias desse período, lá estou eu puxando a fila dos meninos. Ao meu lado, oscilavam Natalinha e Adrianinha, mas, na fila dos meninos, não tinha jeito, eu era o primeiro e Renato, o último.
Ter os pequenos por perto é mágico. Muita criatividade; muita energia; muitas perguntas sagazes, das quais não possuo resposta alguma.
Ter os pequenos por perto me fez reafirmar uma vontade guardada no peito: Quero ser professor de Pitoco!
Me fez também chorar as escondidas, afinal de contas, "gente grande não chora, né tio?".
Eles me fizeram passar a semana enxugando as teimosas lágrimas, que de vez em sempre, teimavam em brincar no escorrega da minha face.
Fizeram-me passar a semana com um nó na garganta e hoje, às oitos horas, dando aula, enfim descobri o motivo: Era gratidão!
Tia Ângela, Tia Solange e Tia Wânia, obrigado!
Curiosamente aqui estou eu, adulto, chamando minhas professoras de tias, fazendo o mesmo que os pequenos vem fazendo comigo há seis anos.
É nesse momento, quando me vejo grande, adulto; enfim me enxergo completo que o nó refaz-se, pois não há como não lembrar de vocês.
Não há como esquecer de Tia Ângela andando furiosa pelo escola segurando minha mão, igual a minha mãe, procurando os alunos mais velhos que estavam praticando comigo piadas racistas.
Não há como esquecer as gostosas risadas de Tia Solange, que ainda hoje as tenho guardada nos ouvido, após Marcelinho e Pedro a enrolarem fazendo massagem nela só para a turma ter mais tempo para fazer a tarefa que valia ponto. Esses dois eram excelentes alunos, mas também dois bagunceiros natos que ajudavam a turma quando o assunto era fugir das punições ou explicar um assunto mal compreendido por algum amiguinho.
Não há como esquecer os largos sorrisos de Tia Wânia após voltar do banheiro. Tia, todos nós sabíamos que você ia lá para não ter as crises dolorosas, causadas pelas pedras nos rins, na nossa frente.
O que meus pais estavam me ensinando, vocês estavam reforçando todo dia.
Língua brasileira? Matemática? Estudos Sociais? Ciências?
Não, vocês foram além.
Proteger aqueles que amamos, não propagar injustiças, sorrir sempre, proteger a inocência, seguir em frente.
Espero que um dia, algum aluno lembre de mim do mesmo jeito que eu lembro de vocês, com uma gratidão inadjetivável; com uma saudade imensa, saudade daquela que não quer voltar no tempo, mas sim ter, no presente, aqueles que fizeram diferença no passado!
Espero receber, mais uma vez, aquele abraço e beijo que me faziam acordar às cinco horas da manhã com um sorriso no rosto!
Tias, um enorme abraço de um menino no qual vocês semearam o bem! De um menino que vocês ajudaram a ser ser humano de bem! Que hoje deseja muito ser pai e professor, para passar adiante o que recebeu dos seus pais e que vocês deram sequencia!
De coração, Muito obrigado!
Não me surpreendo, meu filho, pelo seu texto de GRATIDÃO, pois sei o homem que você é! Encantada sim, orgulhosa sim, pelo belíssimo texto, por sua veia de "escritor" e agradecida também ao Pai, por me ter concedido a graça de ter e poder passar meus poucos ensinamentos de, como Mãe ao filho tão especial e amado! Amoooo muito você. Parabéns e siga a sua caminhada - como PROFESSOR! Bjs
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